No dia em que se celebra, pela primeira vez, o Dia Nacional da Sustentabilidade, 25 de setembro, a associação ZERO relembra que os dias temáticos são sempre momentos importantes para a consciencialização da população para determinados temas, fazer balanços ou anunciar políticas públicas, medidas e estratégias de ação. Contudo, “são efémeros e o que acaba por ser realmente relevante é o que é feito sobre o tema em todos os outros dias do ano”. Como exemplo, a associação aponta a pegada ecológica de Portugal, que exigiria cerca de 2,9 planetas para sustentar as suas necessidades de recursos.
Numa análise recente feita pela ZERO a vários indicadores ambientais, sociais e económicos, usando como comparação a média comunitária ou a média da OCDE, ficou claro que, seja na componente do combate às múltiplas desigualdades – de rendimento, de género, de acesso à informação, à educação, à saúde e à qualidade de vida – seja no estímulo a um modelo económico diferente, onde outras formas de economia – locais, sustentáveis, partilhadas, inclusivas – há ainda um longo caminho a percorrer.
Também na área da saúde, a balança alimentar portuguesa indica que consumimos cerca de três vezes a proteína animal que deveríamos, mas somos deficitários no consumo de legumes, frutas e leguminosas.
Na área da mobilidade, apenas 9,7% do consumo final bruto de energia nos transportes provém de fontes renováveis, segundo dados do Eurostat., o que demonstra as lacunas que o nosso país apresenta neste domínio.
Ao nível da eficiência e circularidade no uso dos recursos/materiais, Portugal situa-se muito abaixo da média da União Europeia (2,2% vs 13%), o que quer dizer que apenas 2% dos materiais que entram na economia acabam a ser reintegrados.
O facto de, não obstante termos já um bom desempenho em termos de penetração das energias renováveis no consumo final de energia (34%), mantermos ainda uma fortíssima dependência energética do exterior (65,2%) demonstra que mesmo onde o desempenho surge acima da média, mantém-se grandes desafios pela frente.
Medidas para melhorar a sustentabilidade ambiental portuguesa
- Agricultura promotora da soberania alimentar, reduzindo progressivamente até à completa eliminação dos apoios a práticas agrícolas assentes num único output – produção.
- Aproveitar o potencial de redução de deslocações e viagens (em particular as de avião) através do teletrabalho e da realização de eventos em formato virtual.
- Criação de infraestrutura que permita uma muito mais significativa utilização de modos suaves de transporte, em particular incentivando o uso da bicicleta e eventualmente combinados com o transporte público.
- Regulamentar para que os produtos colocados no mercado sejam sustentáveis.
- Promover uma nova abordagem económica apostando na Economia do Bem-Estar.
A nível individual, a associação aconselha à redução da proteína animal na alimentação, ao uso de transportes mais amigos do ambiente, como mobilidade pública e bicicletas, ao recurso ao teletrabalho e ao consumo circular e consciente.