ZERO denuncia lobby da indústria do gás e quer mudança no consumo energético
A ZERO lançou o protesto contra o lobby da indústria do gás, depois de pessoas do mesmo estarem a “usar o acesso não controlado aos deputados e funcionários da Comissão por meio de eventos e campanhas para conter a ambiciosa agenda verde da União Europeia antes da votação da Diretiva do Desempenho Energético dos Edifícios, que entra em votação amanhã, dia 14 de março” – é o que se pode ler no comunicado enviado à imprensa.
Uma investigação divulgada pela Better Without Boilers revelou como o lobby do gás identificou a caldeira a gás doméstica como o principal campo de batalha para o futuro dos combustíveis fósseis na Europa e com os eurodeputados prontos para votar a Diretiva do Desempenho Energético dos Edifícios, o relatório revela que:
- Em pelo menos três ocasiões, tiveram lugar reuniões não declaradas entre o lobby do gás e figuras centrais
no debate sobre o futuro do consumo doméstico de gás na Europa. - Grupos de lobby estiveram em contato com deputados do Parlamento Europeu intimamente envolvidos
no processo de negociação, que mais tarde apresentaram argumentos muito semelhantes aos de lobistas
e campanhas promovendo soluções como caldeiras híbridas “prontas para hidrogénio” o que manteria as
caldeiras a gás em todos os lares.
Enquanto isso, em emails para os membros do parlamento europeu vistos pela BWB, os lobistas da Gas Distributors For Sustainability pressionam pela introdução de caldeiras a gás híbridas como uma solução “intermédia” para a transição completa do fóssil. Afirma-se que as soluções híbridas têm múltiplos benefícios como ganhos rápidos de eficiência energética e uma rápida redução da procura de gás no aquecimento, podem ser implantadas de maneira fácil e económica e resultam em economia de custos para os consumidores.
A realidade, diz a associação, é outra: 37 estudos independentes concluíram que “o hidrogénio não desempenharia um papel significativo no aquecimento de carbono zero. Refere-se aliás que o hidrogénio verde para aquecimento é duas a três vezes mais caro, menos eficiente e tem mais impactos ambientais do que a eletrificação. Para o consumidor individual, o hidrogénio é a alternativa mais cara ao gás natural e pode duplicar as contas de energia até 2050″.
Como a Diretiva do Desempenho Energético de Edifícios entra em votação no Parlamento Europeu esta terça feira, “o texto vem com uma lacuna crucial sobre caldeiras prontas para hidrogénio e certificadas para funcionar com gases renováveis, o que significa que as caldeiras a gás podem continuar a ser instaladas em edifícios por toda a Europa”.
Francisco Ferreira, da Zero, disse que “se os líderes da UE tomarem decisões com base nas opiniões do lobby do gás, as consequências serão sentidas em Portugal, com contas de energia mais altas e dependência de gás importado, sem falar nos danos para o ambiente. As famílias portuguesas não deviam pagar o preço da sobrevivência da indústria do gás.”