A associação ambientalista ZERO considera que a conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, que terminou sábado em Katowice, na Polónia, cumpriu os objetivos, mas “falhou na emergência exigida pelo colapso do clima”, noticiou a Lusa.
“A COP24 conseguiu finalizar o livro de regras do Acordo de Paris, que era um dos objetivos, e a decisão final tem todos os elementos necessários para prosseguir os objetivos de resolver a crise climática. Infelizmente não se conseguiu mobilizar suficiente vontade política para um compromisso claro de fortalecimento das promessas climáticas de todos os países até 2020 e para depois de 2020”, sublinhou a ZERO.
Em comunicado, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, considerou ainda que não foi igualmente possível “garantir o apoio financeiro adequado para os países em desenvolvimento lidarem com impactos climáticos devastadores”.
“Os países pobres e vulneráveis não podem ser deixados para trás com o acordo de Katowice. As pessoas que enfrentam perdas e danos devido a secas, inundações e tempestades devastadoras não são reconhecidas. Tal é uma provocação para os povos mais pobres que são afetados pelas alterações climáticas e que na maioria dos casos são responsáveis por muito poucas emissões”, defende a ZERO.
A associação sublinhou o facto de se ter conseguido consenso num “conjunto abrangente de regras que permitirão a operacionalização do Acordo de Paris”.
“Ficou claro que os governos avançaram na implementação futura de muitas vertentes associadas à implementação dos princípios de Paris, mas continuam a falhar na resposta aos impactos catastróficos da mudança climática que foram destacados pelo recente relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) que afirma ser possível e desejável não ir além de um aumento de temperatura de 1,5 graus Celsius em relação à era pré-industrial”, prosseguiu.
Numa reação aos resultados da conferência, o presidente da ZERO, Francisco Ferreira, considerou que “os resultados positivos conseguidos, apesar de limitados, desta cimeira, não calam os avisos gritantes do recente relatório mundial elaborado pela comunidade científica e a exigência crescente de ação pelos cidadãos”.
Para o ambientalista, os “governos atrasaram novamente a ação adequada para evitar uma catástrofe climática”.
“Portugal, através do Roteiro para a Neutralidade Carbónica para 2050, que foi apresentado há cerca de duas semanas no país e esta semana em Katowice, não pode falhar a implementação das políticas e medidas para transformar de forma justa a sociedade portuguesa e tem de passar a promover políticas coerentes com um verdadeiro esforço de mitigação das emissões”, defendeu.
Para Francisco Ferreira, “é fundamental obter resultados na eficiência energética e nas energias renováveis, em particular no solar, bem como encerrar quanto antes as duas centrais a carvão”.
O presidente da ZERO defende que “a União Europeia deve dar o exemplo, prestando mais apoio aos países em desenvolvimento, apoiando a implementação das regras do Acordo de Paris e aumentando o compromisso climático aquando da cimeira prevista para as Nações Unidas a 23 de setembro de 2019”.
“Mais ainda, deve haver um aumento significativo da ambição europeia, com uma redução de emissões de gases de efeito de estufa de 55% em relação ao ano de 1990 tal como alguns Estados-Membros e o Parlamento Europeu estão a pedir”, acrescentou.