A ZERO apresenta as dez principais instalações em Portugal responsáveis pela emissão de gases de efeito de estufa, a partir do tratamento dos dados de registo do comércio europeu de licenças de emissão (CELE) relativos a 2018.
As duas e únicas centrais termoelétricas a carvão em Portugal — Sines e Pego — asseguraram o primeiro e segundo lugar do TOP 10 das instalações com maiores emissões de gases com efeito de estufa no ano de 2018. As emissões destas centrais quando comparadas com as emissões totais do país em 2017 (dados nacionais mais recentes), foram responsáveis por 15% do total de emissões de dióxido de carbono-equivalente o que impõe urgência nas mesmas serem substituídas pela utilização de centrais de ciclo combinado a gás natural existentes, como recurso transitório e, a curto/médio prazo, por fontes de energia limpa. Estes números reforçam a importância da concretização do anúncio do governo em encerrar todas as centrais que recorrem a carvão até 2030.
As centrais a carvão em Portugal têm mecanismos para remoção de grande parte de determinados poluentes atmosféricos, mas tal não é possível em relação às emissões de dióxido de carbono (CO2). Dada a sua baixa eficiência na queima, mesmo que esta seja um pouco superior a outras centrais em Espanha e noutros países, representam uma emissão de cerca de 900 g/CO2eq. por cada quilowatt-hora (kWh) produzido. Para comparação é importante referir que uma central de ciclo combinado a gás natural emite 360 g CO2eq / kWh, e as centrais renováveis como hídrica, solar ou eólica têm emissões zero. Em suma, no TOP 10, o setor da produção da eletricidade é responsável por 20,5% do total de emissões.
Comparativamente com o ano de 2017 em que ocorreu uma seca significativa que impediu uma maior produção hidroelétrica, no ano de 2018 as centrais a carvão tiveram uma redução de produção de eletricidade de 16%. A refinação de petróleo, com o terceiro e oitavo lugares na lista e a produção de cimento com a quinta, sexta e nona posição, mostram como estes sectores, a par da produção de eletricidade, são responsáveis por uma considerável percentagem de emissões no país.
Uma avaliação importante também é que entre 2017 e 2018, praticamente todas as unidades industriais viram decrescer as suas emissões de forma relativamente significativa. Em 2019, emissões da produção de eletricidade deverão sofrer forte redução; emissões especificamente associadas ao uso do carvão devem cair para metade.
A análise dos dados das Redes Energéticas Nacionais das diferentes fontes de produção de eletricidade entre janeiro e outubro de 2019 e o período homólogo do ano passado, em particular no que respeita à produção a partir de centrais térmicas, mostra um cenário de enorme redução de emissões de gases com efeito de estufa entre os anos de 2018 e 2019. Apesar de uma significativa redução da produção da grande hidroelétrica (barragens) na ordem dos 40% e da manutenção da produção de outras fontes renováveis, o decréscimo de emissões nestes 10 meses do ano foi já de 3,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Mesmo com um aumento significativo da produção de eletricidade por centrais térmicas e em particular pelas centrais de ciclo combinado a gás natural, com a queda de produção das duas centrais de carvão quase para metade, as emissões totais associadas à produção de eletricidade caíram aproximadamente 37%. Tal é resultado da relação entre os preços do carvão e do gás natural e acima de tudo devido ao elevado preço das licenças de emissão de carbono no mercado europeu, acrescido da taxa nacional de carbono e do imposto sobre combustíveis fósseis que começaram a ser aplicados em 2018 de forma crescente.
TAP sobe emissões em 12,6% entre 2017 e 2018, com tendência muito contrária à das unidades industriais
A ZERO tem vindo a alertar para a subida de emissões no setor de aviação. Apesar de não se tratar de uma unidade industrial, as companhias de aviação estão incluídas no comércio europeu de licenças de emissão. Na ordenação relativa ao ano de 2017, a TAP, Transportes Aéreos Portugueses, ocupava a oitava posição com 1,2 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono, aumentando 13% para 1,4 milhões em 2018 e passando a ser empresa na quinta posição. A aviação é um setor extremamente beneficiado pela isenção de impostos como o IVA (bilhetes e combustível) e imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP), contrariando as reduções de emissões que outros setores apresentam.