Empresas portuguesas não estão a reduzir a pegada das viagens aéreas, alerta ZERO
A ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável) alerta, em comunicado à imprensa, para o facto das empresas portuguesas não estarem a definir objetivos para reduziras emissões de gases poluentes e CO2, decorrentes das viagens aéreas em trabalho dos seus funcionários.
Pelo segundo ano consecutivo, nenhuma das 13 empresas portuguesas incluídas no Ranking Viajar Responsavelmente traçou esses objetivos. A nível global, apenas 50 empresas das 322 analisadas definiram objetivos para reduzir a pegada climática das deslocações dos seus empregados.
Destas, apenas nove se comprometeram a reduzir especificamente a pegada das viagens aéreas, reduzindo o seu número, e só quatro empresas fazem o reporte das emissões das suas viagens aéreas e comprometem-se a reduzi-las em 50% ou mais até 2025, nomeadamente a Novo Nordisk, a Swiss Re, a ABN Amro e a Fidelity International. Mesmo assim, a ZERO afirma que “não é suficiente para estas empresas cumprirem a sua quota parte na manutenção do aquecimento do planeta abaixo dos 1,5°C”.
Nesta edição do ranking, em que pela primeira vez foi considerado o reporte dos efeitos não-CO2 da aviação, de entre as empresas portuguesas estão mais bem classificadas duas que reportaram também esses efeitos (Galp Energia e NOS), fazendo parte assim do restrito grupo de 40 empresas que em termos globais o fizeram.
Todavia, a associação alerta para o facto que “o impacto climático das viagens aéreas vai, de facto, muito além das emissões CO2 : estima-se que os efeitos não-CO2 sejam responsáveis por metade ou mesmo dois terços do total do aquecimento global decorrente da aviação – ou seja, equivalem a pelo menos o efeito das emissões CO2. Contudo, muito poucas empresas (11% das presentes no ranking) contabilizam estes efeitos”.
As empresas portuguesas presentes no ranking – este ano há quatro novas (EFACEC, Jerónimo Martins SGPS, Mota Engil e Altri SGPS S.A.) – obtiveram todas classificações medíocres, C e D.
“A classificação negativa acontece quando as empresas não reportam informação suficiente relativamente às emissões decorrentes de viagens aéreas ou têm emissões acima das 150.000 tCO2 e não têm pontos positivos nos restantes indicadores, como é o caso da Mota Engil e da Altri SGPS S.A.”, lê-se no comunicado.
O estudo mostra que se apenas 10% do total empresas com maiores emissões no ranking definirem objetivos de redução das emissões em 50%, será meio caminho para alcançar uma redução de 50% das emissões por motivo de viagens aéreas em 2025. Até 2030, a maneira mais eficaz de reduzir as emissões da aviação é viajar menos de avião.
A Federação Europeia de Transportes e Ambiente lançou a Campanha Viajar Responsavelmente em 2022. A campanha quer que as empresas definam objetivos de redução das emissões afetas às viagens aéreas em trabalho em 50% ou mais até 2025. Às empresas é atribuída uma classificação de A (10,5 – 14), B (6,5 – 10), C (3 – 6) ou D (-1 – 2,5). Na edição deste ano do ranking foi atribuída a classificação A a 11 empresas, B a 38, 212 com C e 61 empresas com D.