A ministra da Agricultura da Zâmbia anunciou ontem a disponibilidade daquele país para entregar a Angola cinco mil toneladas de sementes diversas, no âmbito da cooperação no setor agrícola que os governos daqueles dois países vizinhos pretendem desenvolver.
Dora Siliya falava em Luanda, após reunir-se com o homólogo angolano, Marcos Nhunga, encontro que juntou ainda representantes diplomáticos do Zimbabué e da Namíbia para debater a cooperação tripartida no domínio da produção de sementes e da formação de quadros.
A preocupação angolana centra-se nos constrangimentos que condicionam ainda o desenvolvimento da agricultura angolana, como a reduzida mecanização das largas áreas de cultivo potencial, a baixa produção e produtividade associada à baixa qualidade das sementes ou à falta de fertilizantes, que Angola não consegue produzir nem importar com regularidade.
Na procura de um entendimento entre os quatro países da região, a Zâmbia já se disponibilizou a entregar cinco mil toneladas de sementes diversas a Angola, com Dora Siliya a manifestar-se preocupada com a falta de segurança alimentar em algumas regiões do continente africano.
O Governo angolano lançou em janeiro de 2016 um programa que visa dinamizar a produção nacional e diversificação além do petróleo, para travar as importações e aumentar as exportações, gerando outras fontes de divisas, sendo a agricultura a principal aposta.
Mais de dois milhões de famílias angolanas vivem da agricultura, setor que emprega no país 2,4 milhões de pessoas e que conta com 13 mil explorações empresariais, segundo dados governamentais.
A Lusa tinha já noticiado a 18 de abril que o Governo da Zâmbia estava a equacionar a venda a Angola de 20 miltoneladas de milho das suas reservas, conforme pedido feito pelo executivo angolano, O assunto, conforme indicou na altura a imprensa zambiana, foi abordado entre a embaixadora angolana na Zâmbia, Balbina Dias da Silva, e a ministra da Agricultura, Dora Siliya, com Angola a transmitir o pedido para disponibilização desta quantidade de milho “no menor tempo possível”.
A governante zambiana, que recebeu igual pedido da também vizinha República Democrática do Congo, neste caso para venda de 100 mil toneladas, não se comprometeu com a disponibilização das quantidades pretendidas, por a prioridade ser a exportação de farinha, para fomentar a produção local, mantendo-se a proibição de exportação de milho pelo país.
Ainda assim, admitiu que o Presidente zambiano, Edgar Lungu, está “disposto a considerar” estes pedidos. “Quando a casa do seu vizinho está a arder, significa que até a sua casa é mais propensa a arder também”, disse a ministra Dora Siliya, citada pela imprensa zambiana.
A Zâmbia tem uma produção excedentária de milho, que chega a três milhões de toneladas por ano, com o Governo a comprar parte dessa quantidade para a Agência de Reserva Alimentar. As necessidades angolanas em termos de milho ascendam este ano a 5,5 milhões de toneladas, para consumo humano e ração animal, mas cerca de metade desta quantidade ainda é importada.