XXVII Jornadas Pedagógicas centram-se na importância de se agir na construção de territórios saudáveis
Entre os dias 18 e 20 de junho decorrem as XXVII Jornadas Pedagógicas. Promovidas pela ASPEA (Associação Portuguesa de Educação Ambiental), a ação que este ano tem como tema “Educação Ambiental e Governança: tempos de (re)agir na construção de territórios saudáveis” decorreu no Cineteatro Mouzinho da Silveira.
A sessão de abertura do evento, contou a presença do presidente da ASPEA, Joaquim Ramos Pinto, do presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, António Nobre Pita, Olga Martins do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Francisco Teixeira, da Agência Portuguesa do Ambiente, Ana Sofia Henriques (Agência Jovem de Notícias) e Rita Silva, em representação da organização do evento.
De acordo com um comunicado partilhado pela ASPEA, todos os oradores reiteram pela importância da “criação de sinergias” entre organizações da sociedade civil e atores políticos, com “envolvimento dos jovens”, e onde a “Educação Ambiental pode ser congregadora de medidas de ação concretas para a consolidação de territórios saudáveis”.
No painel de políticas municipais de Educação Ambiental, foram partilhadas experiências de municípios portugueses e da província de Nampula (Moçambique).
Investigadores e coordenadores de projetos tiveram um espaço dividido por seis eixos temáticos destas jornadas que podem ser consultados e lidos na íntegra no site da ASPEA.
Para encerrar o plano político do dia, teve lugar a “Conferência – Diálogo” que abordou a Educação Ambiental como uma ferramenta para o desenvolvimento de ações climáticas que integrem as pessoas no processo político da tomada de decisões, tendo tido as contribuições de Adjany Costa, Consultora do Presidente da República de Angola, Germán Callejas, investigador e professor na Universidade de Santiago da Compostela e de Michéle Sato, investigadora e professora na Universidade Federal de Mato Grosso.
Adjany Costa, enquanto jovem angolana envolvida na política do seu país vincou o dever da ação política estar associada a movimentos sociais, pois acredita que “para resolvermos problemas globais, temos de encontrar soluções locais”, para além de existirem políticas internacionais e nacionais, é importante olhar para cada comunidade em particular, tendo em atenção as suas especificidades. “Temos de aplicar as políticas e passar à ação”, foi o apelo final deixado pela consultora.
Já Germán Vargas afirma que “os políticos não estão preparados para os desafios atuais”, sublinhando a importância de colocar os movimentos sociais e ativistas na frente da elaboração dos planos e soluções para travar as alterações climáticas e, não possuindo estas pessoas os recursos necessários para tal, o papel dos políticos é entender as suas preocupações, integrá-los nos processos e dar-lhes os recursos necessários para uma participação mais ativa. “Falamos muito e agimos muito pouco, é nesse sentido que os políticos estão a falhar”, considera. Na sua intervenção final, partilhou ainda a visão sobre o “papel da Educação Ambiental na construção de territórios saudáveis, que são mais justos e sustentáveis”, elucidando para a questão da responsabilidade e compromisso em “educar os jovens para serem atores políticos e, assim, poderem juntar-se à luta perante um cenário de emergência ambiental”.
Por fim, Michele Sato apresento a evolução do aumento de gases de efeito de estufa a partir da revolução industrial, refletindo sobre a forma como o sistema capitalista nos tem trazido à crise climática e ambiental e foi este mesmo sistema que também criou desigualdades, opressões e discriminações, pelo que o problema climático é também um problema social. A professora defende que “as redes sociais são boas, mas não são essenciais, é preciso ação na rua” para sensibilizar para as alterações climáticas. Deu o exemplo de Greta Thunberg e do movimento Fridays For Future, também com representação no Brasil “Jovens Pelo Clima” e em Portugal “Greve Climática Estudantil”, como uma forma persuasiva para alertar para a causa e também uma forma de mexer com o sistema, salvaguardando que precisamos de ouvir a juventude, precisamos de fazer militância nas instituições de ensino, erguer as nossas vozes e agir com as comunidades locais, que estão na linha da frente da crise climática, quer isto dizer que com ela sofrem no seu dia a dia. De acordo com Michele Sato, “é encontrando um equilíbrio entre o medo e a esperança que podemos ser vozes ativas no processo de combate às alterações climáticas”.