Volvo Ocean Race: olhar para os oceanos por causa da praia de infância
Retirar uma mensagem de sustentabilidade a partir da poluição de uma garrafa de plástico. Turn the Tide on The Plastic e a Fundação Mirpuri querem sensibilizar para a poluição nos oceanos enquanto competem na Volvo Ocean Race, uma regata que se junta no alerta, afirma a “Lusa”. Pescam plástico nos portos e marinas e avisam para os problemas do plástico na saúde humana.
“A componente desportiva não é, se calhar, o mais importante para a Fundação Mirpuri”, assume Paulo Mirpuri, presidente da Fundação Mirpuri. . “Olhamos para o impacto que a mensagem que o barco transporta tem nas pessoas que acompanham esta regata”, sublinha.
E nesse campo, a “luta pela sensibilização da preservação dos oceanos” e o “combate à poluição dos plásticos nos mares” tem tido resultados “bastantes positivos”, uma mensagem partilhada com as Nações Unidas, via Ocean Family Foundation, também ela parceira de Sustentabilidade da VOR, através da campanha ambiental – Clean the Seas –, um recado a que se junta 11th Hour Racing, Volvo, AkzoNobel e Stena Rcycling, os outros parceiros.
Para levar a sustentabilidade na proa, a associação a uma regata à volta do mundo surgiu com naturalidade. “Por muito grande que seja a nossa atuação é muito pequena pela quantidade de problemas que existem”, avisa. “Tem que ser ampliada”, sustenta. Era, por isso, “importante participar numa plataforma de comunicação”, ligada “ao mar”, a um “desporto não poluente” e com “impacto”, justifica. Nesse sentido, pela “duração e percurso”, com passagem por países com “problemas graves” ou que “querem ser verdes (Nova Zelândia), encontraram o que pretendiam na VOR.
Pescar plásticos e fazer bioplásticos, numa parceria entre o conhecimento e o capital
Nesta parceria com a regata de circum-navegação, que tem criado “ciclos positivos”, uma consequência, que “não é muito pensada”, tem sido “um conjunto de contactos que evoluem para uma parceria com entidades, universidades e instituições” que estão a trabalhar em programas para “resolver ou mitigar o problema”, adianta. “Não se chegava a estas parcerias de uma forma tão intensa se não fosse através da participação da Volvo Ocean Race”, admite.
Falando dos avanços dados na legislação de alguns países no “combate ao plástico (Inglaterra e França, por exemplo)”, a Fundação tem optado por um caminho de “diplomacia” e “projetos específicos”, que por vezes “não é tão visível”, reconhece. Nesse sentido, decorrem “ações concretas no desenvolvimento dos bioplásticos (evoluir para um bioplástico com a mesma utilidade e 100 % biodegradável) no suporte a uma equipa de investigadores e investidores norte americanos”, num projeto que “teve origem na Califórnia”, frisa.
Dos bios para os microplásticos, a localidade brasileira recebe, tal como acontece em cada paragem da frota dois Seabin (Seabin Project for cleaner oceans – projeto Seabin para a limpeza dos Oceanos), aparelho flutuante para recolha de detritos marinhos, tendo capacidade para recolher, por dia, 1,5 kg de detritos, incluindo micro-plásticos até 2mm de tamanho. E todos os dias estes caixotes flutuantes que pescam o plástico são colocados nas docas onde estão atracados os barcos das equipas.
A Fundação Mirpuri “foi talvez a primeira a analisar a fundo os efeitos da poluição marítima na saúde humana”, alerta Paulo Mirpuri que anuncia a organização de uma conferência, no final do ano, em Portugal apadrinhada pelas Nações Unidas. Por fim, na conversa sobre e à volta do mar, Paulo Mirpuri, deixa um lamento no ar que bem podia caber na introdução sobre o tema dos oceanos. A culpa é da praia de infância (praia de Quarteira, ao lado do Marina Hotel). “Recordo-me como era e como ficou. Hoje não consigo ir aquela praia”.