“Um importante investimento para o território, uma vez que será a primeira Comunidade de Energia Renovável no Alto Minho”. Esta é a melhor definição para o futuro projeto que vai servir 40 empresas do concelho e, ao mesmo tempo, apoiar o abastecimento de energia elétrica, posicionando o tecido empresarial cerveirense como agente da mudança neste processo de transição energética.
Em declarações à Ambiente Magazine, Rui Teixeira, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, refere que a Comunidade de Energia Renovável tem como objetivo dar resposta aos desafios energéticos das empresas localizadas na zona Industrial de Vila Nova de Cerveira: “O Município pretende facilitar a criação de uma Comunidade de Energia Renovável através da implementação de uma área dedicada à instalação de equipamentos de energia renovável, sejam eles fotovoltaicos e eólicos”.
Segundo o autarca, o prazo para a conclusão e entrada em funcionamento do projeto será de, aproximadamente, dois anos. Numa primeira fase, “os equipamentos instalados terão como motor a energia fotovoltaica”. No entanto, a previsão é de que, numa fase posterior, seja possível “potenciar também o aproveitamento de energia eólica, entre outras possibilidades”, refere, destacando que, neste momento, esse objetivo já foi apresentado às empresas, estando a ser auscultadas as suas necessidades: “O primeiro balanço é já muito positivo, com o interesse demonstrado pelo tecido empresarial em aderir ao projeto”.
Questionado sobre os contributos deste projeto para as empresas, Rui Teixeira destaca, desde logo, o “acesso a energia de baixo custo” e, consequentemente, o “aumento da sua eficiência e eficácia”: “A energia produzida na CER permitirá fixar o preço da energia (por tempo ainda a definir) e reduzir a dependência energética do exterior em cerca de 40%.”. Tendo em conta que, atualmente, um dos grandes custos das empresas está relacionado com os “custos energéticos”, este projeto afigura-se de extrema importância: “Reduzir a dependência da rede e da sua volatilidade permitirá aos empresários fazerem planeamentos a médio e longo prazo e, acima de tudo, planear de uma forma mais sustentável”, sucinta. Acresce o desafio da descarbonização da indústria e da redução da pegada ecológica do tecido empresarial e, consequentemente, do concelho: “A transição energética é urgente, sendo preciso dispormos de empresas competitivas também a este nível”, refere. E esta iniciativa será o primeiro passo: “As empresas que aderirem ao projeto estarão em condições de encontrar outras soluções para complementar este consumo através da CER, como, por exemplo, através da instalação de painéis solares nos seus edifícios ou em espaços alugados”. O objetivo é que se “figurem como produtores ou consumidores num binómio” que permitirá, por um lado, o “autoconsumo” e, por outro, o “fornecimento a empresas parceiras”, precisa o autarca, constatando ser uma “excelente forma de equilibrar as necessidades de consumo”.
Sobre desafios, Rui Teixeira acredita que a adesão por parte das empresas vai ser significativa, até porque “estão reunidas todas as condições para se avançar: existe um investidor interessado, o espaço para instalação também já está previsto, o Município está disponível para apoiar em todo o processo e já se começa a manifestar o interesse das empresas em se associarem”. O presidente da Câmara de Cerveira parece não ter dúvidas sobre o potencial deste projeto: “É inovador e diferenciador que “gerará valor para o território e para o tecido empresarial”. E ao Município cabe o papel de ser “facilitador” em todo o processo: “Capitalizamos o investimento, encontramos soluções para a instalação da Comunidade, mediamos e apoiamos as empresas no processo de transição energética”, destaca.
[blockquote style=”1″]“… sermos um Município competitivo e gerador de valor, no panorama nacional e internacional”[/blockquote]
No entender do autarca, os Municípios portugueses têm um “papel estruturante” para que se consiga alcançar a meta da neutralidade carbónica até 2050: “Queremos que Cerveira seja um Município sustentável e integrador, não só do ponto de vista social e económico, mas, também ambiental”. Este projeto pretende, por isso, contribuir para a “concretização do Plano de Ação para a Sustentabilidade Energética local e para as metas da União Europeia” para a redução de emissões de CO2: “Estaremos na linha da frente a contribuir para a potenciação de uma Zona Industrial “verde”, com empresas ambiental e financeiramente sustentáveis. Queremos reduzir a poluição no nosso concelho e este será um passo importante”. Além das vantagens para Cerveira, Rui Teixeira refere que este é também fundamental para todo Alto Minho, no sentido de “estar dotado de empresas competitivas a todos os níveis e que consigam dar resposta à transição energética” urgente: “Só dessa forma é possível sermos um Município competitivo e gerador de valor no panorama nacional e internacional”.
O investimento previsto para a Comunidade de Energia Renovável ronda os 10 milhões de euros: “Trata-se de um investimento100% privado, que será levado a cabo pela empresa de serviços energéticos controlada pelo Grupo Painhas – a EnergyCon”, remata.