A Comissão Europeia (CE) emitiu uma nova proposta sobre a venda de camiões que permite a venda de veículos poluentes para além de 2040. Esta medida põe em causa a neutralidade climática prevista até 2050.
O objetivo da CE é reduzir as emissões de dióxido de carbono pelos fabricantes destes veículos para 90%. Mas, em discussões prévias, previa-se uma redução total (100%). Esta nova meta proporcionará que, em 2050, ano crucial para a neutralidade carbónica, ainda estejam a circular nas estradas europeias camiões a combustível fóssil.
Num comunicado, a Associação ZERO não vê com bons olhos esta nova decisão, e por isso insta os eurodeputados e os governos a redefinirem datas. A associação aponta “a data de 2040 ou mesmo 2035 para as emissões zero”.
Ao abrigo da proposta da CE, a redução das emissões médias de CO2 por parte dos fabricantes de camiões será de apenas 45% até 2030. Este objetivo fica aquém dos planos dos próprios fabricantes de camiões, que se aproximam mais da proposta que a ZERO faz aos legisladores europeus: uma redução de 65%.
Até 2035, a ZERO estima que os camiões elétricos sejam mais baratos do que aqueles a diesel. Portanto, considera que a não fixação de um prazo claro para o fim da poluição por camiões a diesel é uma concessão aos fabricantes destes veículos.
As regras climáticas da União Europeia estão “a conduzir à eletrificação dos automóveis e são também necessárias no sector dos camiões”, considera a ZERO, no comunicado. Contudo, a falta de objetivos mais rigorosos a partir de 2030 permitirá um excesso de camiões poluentes nas estradas europeias indefinidamente.
A ZERO nota ainda que a Europa corre o risco de perder investimentos na produção de baterias e no processamento de metais, “conduzindo as empresas a uma fuga para os Estados Unidos da América, ao abrigo da mais favorável Lei de Redução da Inflação”.
Os camiões representam apenas 2% dos veículos nas estradas europeias, mas são responsáveis por quase 30% das emissões de CO2 pela totalidade dos transportes.
Segundo dados da ZERO, o transporte rodoviário e os veículos pesados são também uma das maiores fontes de emissão de partículas e óxidos de azoto, que provocam cerca de 350 mil mortes prematuras todos os anos na UE.