A Universidade do Algarve (UAlg) e uma associação empresarial da região vão apoiar os empresários afetados pelo incêndio da serra de Monchique na preparação de candidaturas para a revitalização da atividade agrícola.
Em comunicado que a Lusa teve acesso, a associação União pelo Futuro do Algarve (AlgFuturo) adianta que a partir da próxima segunda-feira estarão em Monchique vários técnicos com o objetivo de apoiar a preparação de candidaturas dos empresários interessados, no âmbito de um protocolo com a universidade.
A realização do processo de apoio, que será articulado com a Câmara de Monchique e com a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, é uma das estratégias delineadas numa reunião promovida pela AlgFuturo, que teve lugar na segunda-feira, em Monchique (distrito de Faro), reunindo mais de 30 participantes, na sua maioria dirigentes associativos.
“Foi também decidido realizar reuniões quinzenais para avaliar o grau de concretização da tomada de medidas, ver as melhores formas de apoiar as populações e de cooperar com os poderes públicos”, lê-se no comunicado hoje enviado, em que se adianta a intenção de realizar uma reunião com a comunidade estrangeira e outra com a Plataforma Cidadã.
No encontro concluiu-se também que “há urgência absoluta nos apoios para recuperação das primeiras habitações, pois além das más condições de habitabilidade já há roubos”, refere a associação.
A recolha do material lenhoso queimado e o corte dos ramos sobre as estradas, que oferecem perigo à circulação e a obtenção de apoios excecionais à reflorestação são outras das medidas urgentes, já que as que estão atualmente disponíveis são “insuficientes”.
Segundo o presidente da AlgFuturo, José Vitorino, trata-se de um “caldo perigoso e de elevado risco”, que justifica um apelo público às entidades oficiais “para que tomem atenção e assumam medidas proporcionais ao drama que resulta de somar à profunda desertificação humana a desertificação florestal e desertificação de capital”.
O responsável sublinha ainda que Monchique tem um índice de mortalidade três vezes superior à média do Algarve e que a taxa de suicídio é das mais elevadas do país.
José Vitorino diz que a economia do concelho é “já muito débil”, apenas com pouco mais de 700 empresas, 1.200 empregos e 50 milhões de Volume Anual de Negócios.
Como tal, defende um Programa Estratégico Integrado “para evitar o colapso do concelho”, atraindo população ativa, investimentos e turistas.
“É preciso coragem e perceber que são mesmo necessárias medidas muito fortes e de largo alcance, pela dimensão assumidas pelo Governo e Câmara, processo em que a AlgFuturo e as outras associações estão disponíveis para colaborar”, conclui.
O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais, deflagrou em 03 de agosto em Monchique e lavrou durante oito dias, afetando também o concelho vizinho de Silves e, com menor impacto, Portimão (no mesmo distrito) e Odemira (Beja).
De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram 27.635 hectares, com maior impacto em Monchique, onde a área ardida atingiu os 16.700 hectares, afetando um total de 32 habitações.