Numa área que se aproxima da uma piscina olímpica, a Universidade de Aveiro (UA), através do ECOMARE, montou uma instalação-piloto composta por oito linhas de produção, para estudar e demonstrar o funcionamento de um novo sistema de aquacultura, anuncia em comunicado.
Designada aquicultura multi-trófica integrada, funcionará em circuito fechado, com recirculação da água e cumprindo objetivos de sustentabilidade, circularidade e biossegurança, lê-se num comunicado divulgado pela UA.
O projeto, financiado em mais de um milhão de euros, através do Programa Operacional Mar 2020, consiste na “instalação de oito linhas de produção, cada uma delas preparada para o cultivo de espécies de águas marinhas e salobras de três níveis tróficos diferentes, em circuito fechado”. Ou seja, “a água com nutrientes libertada no nível trófico anterior é aproveitada como input no nível trófico seguinte”, precisa o comunicado, destacando que, no final da linha “a água é reciclada e volta novamente ao início como input do nível trófico mais elevado”.
Designado “AquaMMIn – Desenvolvimento e validação de um sistema de aquacultura modular multi-trófico integrado para espécies de águas marinhas e salobras”, a instalação procura, como o nome indica, “conceber, implementar e validar um sistema de cultivo de natureza modular”. Especial ênfase será “colocado em espécies como o robalo, dourada ou gambas-tropicais, típicas do nível trófico mais elevado (consumidores secundários) e vulgarmente alimentadas com ração que nunca é consumida na sua totalidade”, refere o comunicado. De acordo com a UA, “a ostra, a serradela ou os pepinos-do-mar, espécies do nível trófico logo abaixo (consumidores primários) serão usadas para aproveitamento da matéria orgânica particulada, e, no primeiro nível trófico, dito dos produtores, serão produzidas espécies como a salicórnia (sem solo) e a alface do mar que utilizam os nutrientes dissolvidos na água”.
Sistema em operação no final do mês de abril
As diferentes combinações dos sistemas modulares de aquacultura multi-trófica integrada (IMTA, na sigla em inglês) a serem avaliadas estão totalmente equipadas com sistemas de monitorização em tempo real in situ e ex situ, permitindo assim o seu acompanhamento através da cloud, bem como a correção de parâmetros físico-químicos através das soluções de automação implementadas. A página web do projeto explica ainda que os sistemas de suporte de vida que serão desenvolvidos visam igualmente testar a viabilidade dos sistemas modulares de IMTA que apresentem melhor desempenho operando num regime de reaproveitamento a 100 por cento da água de cultivo (designado, também em inglês de zero water exchange).
De acordo com Ricardo Calado, investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia e coordenador do projeto AquaMMin, o sistema estará em operação no final de abril de 2021, havendo já duas empresas interessadas em desenvolver estudos em parceria nesta instalação-piloto: ” A UA pode demonstrar ao setor aquícola nacional e internacional as suas soluções mais inovadoras para uma aquacultura sustentável”.
A instalação-piloto está montada no recinto do ECOMARE, em Ílhavo, junto entre o Porto de Pesca Costeira e o Jardim Oudinot.