“Um Planeta em Chamas” aponta a prevenção como “única solução” para os “super incêndios”
A Associação Natureza Portugal juntamente com a WWF (ANP|WWF), e a WWF Espanha lançam hoje o relatório “Um Planeta em Chamas” que evidencia como, a um nível global, a problemática dos super incêndios está intrinsecamente ligada com as alterações climáticas.
Em comunicado a ANP|WWF indica que o relatório dá nota do “desequilíbrio existente entre medidas de prevenção e de extinção”, e como estas últimas, sistematicamente, se “revelam insuficientes para resolver este problema ambiental”. O mesmo inquérito reforça que para “combater os super incêndios é essencial apostar na prevenção, na valorização das áreas rurais, tornando as paisagens mais resilientes, e na mudança de comportamentos da população em geral”.
Ângela Morgado, diretora executiva da ANP|WWF sublinha que “é urgente inverter as políticas super fracassadas de combate aos super incêndios e garantir que estas se focam na prevenção em vez de na extinção. O combate às alterações climáticas é a mais eficaz solução para este problema ambiental grave assim como a gestão responsável do território, a promoção de paisagens rentáveis e menos inflamáveis e o combate à desflorestação nos trópicos”.
Também a Península Ibérica enfrenta todos os anos a tragédia dos incêndios. Em Espanha, apesar do grande investimento na extinção, a proporção de grandes incêndios em relação ao número total de sinistros (eventos em que o bem segurado sofre um acidente ou prejuízo) continua a crescer. Já Portugal é campeão europeu dos incêndios: todos os anos, o país vê arder mais de 3% da sua superfície florestal. Isto deve-se a um sem fim de fatores, desde o abandono rural, cessação de atividades agrícolas tradicionais, à ausência de políticas sérias de gestão do território e gestão florestal responsável.
2019 fica marcado na história do planeta como o ano dos incêndios, e se as causas diferem de país para país, as condições perfeitas para este tipo de fenómeno são consequência de uma crise comum: as alterações climáticas. Os últimos 20 anos foram os mais quentes de que há registo, e se esta tendência se mantiver, os incêndios também se manterão.
Estas e outras acendalhas juntam-se à emergência climática, o ingrediente principal que é ao mesmo tempo causa e consequência desta perda grave de superfície florestal, criando as condições perfeitas para que a Península Ibérica, mas também o mundo, continue a arder.
“A crise de super incêndios representa apenas uma pequena parte de outra crise muito maior, que todos enfrentamos e que trará consequências cada vez mais graves não só para a saúde do planeta, mas para a saúde humana”, afirma ainda Angela Morgado.
A ANP|WWF e a WWF Espanha acreditam que este é o momento certo para repensarmos a relação da humanidade com a natureza e perceber que se o nosso planeta continuar em chamas, a saúde de todos também continuará.