“A inovação tem sido uma constante no Grupo e a sua prática tem-se revelado essencial para prestar um serviço de excelência garantindo os padrões requeridos de sustentabilidade social, económica e financeira”. José Furtado, presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal (AdP), que falou, esta segunda-feira, na sessão de apresentação da estratégia de “Inovação 360º” deixou claro a importância de se “justificar (a inovação) mais, mais depressa, de forma mais focada e mais integrada, num contexto de racionalidade económica, tirando partido das capacidades e competências existentes nas nossas empresas e nas regiões onde elas estão presentes”.
A “Inovação 360º” deu assim origem à criação de um novo instrumento empresarial do Grupo AdP, a AdP VALOR: “Tem a missão de potenciar as competências críticas que dispomos nas empresas do Grupo para dar resposta à crescente complexidade dos desafios ambientais e societais que se colocam no contexto nacional e mundial”, diz. Como premissas centrais desta “Inovação 360º”, José Furtado começa por enfatizar que se trata de uma “estrutura atenta às novas tendências”, aos “novos desígnios” e à “evolução” de paradigma nas atividades das empresas. A esta estratégia, cabe-lhe também “assegurar intervenções de valor acrescentado nos sistema existentes”, bem como “suportar novos modelos de negócios de economia circular” e, ainda, “fomentar a participação em projetos de investigação” no domínio da água.
Nos próximos três anos, o Grupo AdP vai alocar mais de um milhão de euros a um fundo agora criado especificamente para financiar novos projetos e acelerar a inovação estratégica: “Temos a certeza que este será um investimento com retorno no futuro próximo e um contributo efetivo para a sustentabilidade das empresas e para contermos as tarifas em níveis socialmente adequados”, declara.
[blockquote style=”2″]É preciso garantir os estímulos certos para inovar bem de forma célere, eficaz[/blockquote]
Foi em novembro de 2020 que o Grupo AdP apresentou o Quadro Estratégico de Compromisso: um documento que define o caminho a percorrer e assume claramente um compromisso de evolução de paradigmas. Dos dozes desafios integrados no Quadro Estratégico do Grupo, Alexandra Serra, presidente da AdP VALOR, afirma que a “Inovação 360º” integra-se no “círculo virtuoso” como “agilizador” e “acelerador” de todos os outros desafios: “É um sinal claro de como o Grupo pretende assumir estrategicamente a inovação, envolvendo não apenas a tecnológica, mas também a inovação em modelos organizativos, modelos de negócios, métodos de trabalhos, abordagens e em incentivos, induzindo a evolução de paradigma que todos pretendemos pôr em curso”.
Num mundo cada vez mais “complexo” e com mais “incertezas”, Alexandra Serra não tem dúvidas de que a inovação é, hoje, uma “condição essencial para garantir o bom desempenho e a sustentabilidade no presente e no futuro dos serviços da água e do ambiente em geral”. Ainda assim, não basta inovar: “É preciso garantir os estímulos certos para inovar bem de forma célere, eficaz com racionalidade económica e na busca de resultados alinhados com os desígnios das organizações”, atenta.
Inovar nos modelos de negócio e em soluções tecnológicas, promover a agilidade na ação, catalisar uma organização em rede para promover sinergias, potenciar o valor das competências críticas disponíveis são alguns dos vetores da Estratégia de “Inovação 360º” do Grupo AdP, que vai apostar no desenvolvimento de pilotos escaláveis e adaptáveis aos mercados internacionais, tirando partido dos Living-Labs existentes no grupo e incentivando parcerias de valor acrescentado, com parceiros públicos e privados.
Relativamente ao papel da AdP VALOR, Alexandra Serra reforça que o instrumento quer ser um “acelerador” do Grupo para a “Inovação 360º” e, ao mesmo tempo, um “contributo decisivo” na evolução de paradigma em vários domínios, nomeadamente, na economia circular. A AdP VALOR quer também ser um “facilitador na operacionalização na rede multipolar de competências focadas na criação de valor” e um “implementador” na execução: “Estamos focados na implementação de projetos e serviços especializados que valorizem as competências críticas e acumuladas no Grupo”, destaca.
A AdP VALOR vai trabalhar na dimensão nacional, mas, também, com “foco internacional” e como um parceiro de referência da AdP Internacional: “Vamos trazer todas as sinergias e todas as externalidades que vão resultar deste processo de Inovação 360º”.
Por fim, a presidente da AdP VALOR deixou bem presente aquela que parece ser a maior ambição desta estratégia: “Tirar todo o potencial da rede territorial que a AdP tem em todo o país e trabalharmos como uma verdadeira equipa na inovação”.
[blockquote style=”1″]Projetos protocolados com o Fundo Ambiental[/blockquote]
Na sessão foram apresentados vários projetos de inovação em curso no Grupo AdP, com destaque para três projetos protocolados com o Fundo Ambiental: Dois relativos à produção de água para reutilização em atividades agrícolas e, um projeto respeitante à avaliação de riscos de incêndios florestais com impacto nas infraestruturas de abastecimento de água e saneamento.
- Água reutilizada em rega agrícola e vitivinicultura
A promoção da produção e utilização de água para reutilização (ApR) na atividade de regadio na região do Alentejo, é o grande objetivo do REUSE, um dos projetos destacados na sessão, que integra um sistema de produção de ApR através da desinfeção solar das águas residuais tratadas na ETAR de Beja, para posterior utilização, por um agricultor da região, na rega de um pomar de romãzeiras, tendo como objetivo estudar o impacte nas plantas, solo e água.
Entrando agora na segunda fase, o REUSE iniciou-se em 2019, em regime de experimentação, visando potenciar a utilização de ApR na agricultura numa região em que tipicamente se verifica uma baixa precipitação e elevada insolação e, simultaneamente, elevada intensidade de agricultura de regadio, acompanhada de uma evolução preocupante dos efeitos das alterações climáticas.
O REUSE tira partido do desenvolvimento de uma tecnologia de baixo custo com recurso a energia renovável, de barreiras naturais, da combinação da reduzida dimensão das ETAR locais, perfis de caudais, taxas de insolação e períodos de rega, no quadro da promoção do valor da água em diversas perspetivas (disponibilidade, micronutrientes), da nova abordagem Fit for purpose e da crescente sensibilização do setor agrícola para a eficiência hídrica e necessidade de diversificar as suas origens.
Trata-se de um projeto desenvolvido em parceria entre a AdP – Águas de Portugal e a AgdA – Águas Públicas do Alentejo, a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, o ISA – Instituto Superior de Agronomia, a EFACEC e o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR).
Ainda no âmbito da economia circular e da promoção de projetos sustentáveis de eficiência hídrica com recurso a tecnologias ambientalmente sustentáveis e de baixo custo, destaca-se o AQUA-VINI que visa promover a utilização de ApR pelo setor vitivinícola.
Este projeto integra-se no espírito do plano de eficiência hídrica do Alentejo, criando os mecanismos e processos de comunicação para incentivar a utilização da água residual tratada para rega na vitivinicultura tendo como parceiro estratégico a Comissão Vitivinícola Regional do Alentejo – Programa de Sustentabilidade.
- Riscos dos incêndios com impacto no abastecimento de água e saneamento
Promover a consciencialização sobre os riscos reais dos incêndios florestais em cada local a cada momento, e dotar os diferentes intervenientes de informação e ferramentas para apoio à tomada de decisão e atuação de forma preventiva e cirúrgica sobre as situações que acarretam maior risco é o grande objetivo do projeto “SMART FIRE PREVENTION – Avaliação de risco de incêndio com recurso a inspeção via satélite e implementação de procedimentos de desmatação”.
Trata-se de um projeto de inovação promovido pela AdP VALOR, com o apoio do Fundo Ambiental, através do qual se desenvolverão as seguintes ações:
- Identificação das áreas de desmatação prioritárias e previsão e calendarização de áreas e investimento respeitante à desmatação;
- Identificação das infraestruturas críticas, em razão do risco e da garantia da distribuição de água, em caso de incêndio;
- Criação de alarmes a reportar às estruturas da proteção civil e de decisão das empresas;
- Comunicação, em tempo real, às entidades externas ou internas para implementação contínua de atividades de desmatação das áreas em risco ou outras relevantes.