Os SMAS de Sintra participaram no ENEG 2023 (Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento), no Multiusos de Gondomar. A Ambiente Magazine conversou com Carlos Vieira, diretor delegado da entidade.
O que pensa do mote “Um grito pela Água”?
É importante, tendo em conta tudo aquilo que tem sido a gestão da água em Portugal, olharmos para esta questão da água com a capacidade de percebermos que não existe apenas uma solução para resolver o problema da água. Existem várias e todas elas têm de ser implementadas de um modo complementar, desde a questão das perdas de água, passando pelo reaproveitamento da água tratada nas ETAR’s, na reutilização das águas pluviais ou até a questão da dessanilização.
Qual a importância dos SMAS de Sintra participarem neste encontro?
Nestes quatro dias, tivemos aqui entidades gestoras de todos os tipos. Os SMAS de Sintra, enquanto Serviços Municipalizados, os maiores do país (mais de 195 mil clientes), obviamente devem estar presentes neste tipo de eventos, essencialmente por dois motivos: por um lado para darmos a conhecer aquilo que achamos que fazemos bem, que nesse aspeto tivemos aqui cinco comunicações feitas por técnicos dos SMAS, mas por outro lado para aprendermos com os outros, pois existem soluções implementadas noutros sítios e que faz sentido nós pensarmos em aplicar na nossa organização.
Qual o feedback da vossa participação?
Muito positivo, até pelo número de pessoas que nos visitou no stand, numa lógica também de conhecer tudo aquilo que fazemos e os projetos que estamos aqui a comunicar, e igualmente para receber um bocadinho do nosso merchandising. As comunicações que ouvimos de outras entidades aqui presentes permitiu-nos perceber em que estado estamos em termos de desenvolvimento da nossa entidade e perspectivar o futuro.
Como espera poder ver o setor daqui a 5 anos?
Não existem soluções milagrosas. Existem soluções complementares. O que eu espero é que exista realmente a vontade política e a vontade técnica de resolver uma série de problemas, como por exemplo a adoção da dessanilização, algo que faz sentido em sítios onde há stress hídrico. Em Sintra estamos a estudar a possibilidade de construir uma central dessanilizadora, não pela necessidade de abastecimento, mas mais por uma questão de resiliência do próprio sistema. A nossa fonte de receção de água é essencialmente a barragem de Castelo de Bode, através da EPAL, e portanto achamos que faz sentido ter outras fontes de abastecimento de água. Não para substituir, mas sim para complementar.
Já na questão da água não faturada, ainda temos muitos municípios que têm perdas acima dos 40% a 50%, algo que já não devia acontecer. Isto está muito ligado ao facto das entidades serem muito pequenas e terem dificuldade financeira em fazer investimento e ainda a cobertura de custos. A tarifa que cobramos aos nossos munícipes tem de permitir fazer o retorno dos custos que temos na operação. Faz sentido agregar entidades mais pequenas, dar-lhes dimensão, mas nesse processo de agregação tem de ser feita uma análise às tarifas e ter uma cobertura de custos adequada.
O município de Sintra não está necessariamente a passar por uma situação de escassez de água. Então o vosso trabalho é uma prevenção para o futuro?
É essa a nossa obrigação e temos de encontrar soluções que nos permitam antecipar um pouco aquilo que vai ser a escassez hídrica, que é uma realidade. Em Sintra, objetivamente, não a temos, mas não quer dizer que a gente não tenha de prevenir aquilo que vai acontecer daqui a uns anos.
Os SMAS de Sintra venceram o Pipe Contest desta edição.
Este ano, viemos com duas equipas ao Pipe Contest e conseguimos o primeiro e o segundo lugar, o que foi uma proeza fantástica. Quero agradecer o trabalho dos colaboradores dos SMAS de Sintra, que são fantásticos e tiveram aqui um desempenho brilhante.