UE pressiona Brasil a combater desflorestação da Amazónia mas rejeita boicotar importações
A União Europeia (UE) vai continuar a exigir que o Brasil cumpra os seus compromissos de combate à desflorestação da floresta amazónica, mas rejeita banir a importação de carne bovina como retaliação, afirmou hoje a comissária do Comércio. “Boicotar produtos não é, geralmente, uma boa ideia. E se um país disser que quer boicotar as [importações] de carne bovina brasileira, isso é contra as regras da Organização Mundial de Comércio [OMC] e não estamos autorizados a fazê-lo”, afirmou a comissária europeia, Cecilia Malmström.
Em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, a responsável notou que “cabe aos consumidores decidir o que fazer”. “Os consumidores compram e são muito poderosos, mas oficialmente termos um boicote não é uma boa ideia”, acrescentou Cecilia Malmström.
As declarações da comissária europeia do Comércio surgem depois de, recentemente, alguns países da UE – como França, Irlanda, Áustria e Luxemburgo – terem ameaçado bloquear o processo de ratificação do acordo de livre comércio entre a União e a Organização do Mercado Comum do Sul (Mercosul) se o Brasil não começar a cumprir as suas obrigações climáticas de proteção da Amazónia.
A desflorestação da floresta amazónica tornou-se mais evidente devido aos incêndios de grandes dimensões que afetaram a Amazónia em agosto passado, com os líderes mundiais, nomeadamente europeus, a exigirem ação por parte do Brasil.
Como forma de retaliação à postura do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a Finlândia chegou a propor, através do seu ministro das Finanças, Mika Lintila, que a UE banisse a importação de carne bovina brasileira. Porém, segundo Cecilia Malmström, esta pedido nunca foi feito, de forma oficial, à Comissão Europeia.