Tufão Hato foi o mais mortal em Macau desde o Ellen em 1983
Fez ontem uma semana que Macau registou a passagem do devastador tufão Hato, o primeiro a fazer vítimas mortais desde o Ellen em 1983. Ao todo, o Hato fez dez mortos, quatro dos quais encontrados em parques de estacionamento, na sequência de graves inundações, mais de 240 feridos, além de enormes danos materiais ainda por avaliar.
Apesar de atingida por uma média de cinco tufões anualmente, Macau já não registava mortes desde 1983.
Para encontrar fatalidades é preciso recuar a setembro desse ano, quando o Ellen provocou “mais de uma dezena de mortos, especialmente devido ao afundamento de juncos”, de acordo com relatórios anuais dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) sobre tempestades tropicais.
O número exato não é especificado. No entanto, a imprensa local da época deu conta de 18 mortos, detalhando que a maioria morreu devido a naufrágios no Porto Interior, o que vai ao encontro da informação oficial publicada pelos SMG.
Segundo o mesmo relatório dos SMG, nos 30 anos anteriores, ou seja, entre 1953 e 1983, foram contabilizadas quatro mortes na sequência de três tufões: o Gloria em 1957 (que fez dois mortos), o Ruby (1964) e o Lynn (1981) — ambos com um.
Se o Ellen foi o tufão mais mortal do século XX, o Hato é, até aqui, o que mais vidas ceifou no XXI. No entanto, o mais “catastrófico” tufão da História de Macau remonta ao século XIX.
“Da noite de 22 à madrugada de 23 de setembro de 1874, um tufão violento atravessou a Foz do Rio das Pérolas causando grandíssimas perdas, designado na História por Calamidade do Tufão de 1874”, de acordo com o catálogo de uma exposição realizada, em 2014, pelo Arquivo Histórico, subordinada àquele que constitui o “mais comum desastre natural que ameaça Macau”.
“Os ventos violentos, as ondas enormes e os incêndios danificaram um número incalculável de prédios e de infraestruturas, duas mil embarcações de pesca e mercantis naufragaram. Cerca de 5.000 pessoas morreram: 3.600 na península, 1.000 na Taipa e 400 em Coloane. Perderam-se bens, cujo valor atingiu dois milhões de moedas de prata”, segundo a mesma descrição.
O tufão de 1874 foi o que “deixou Macau com os prejuízos mais graves e maior número de vítimas”. Depois deste, “durante 100 anos, entre 1883 e 1983, houve 56 grandes tufões” que atingiram o então território português, de acordo com o Arquivo Histórico.
Segundo os registos dos SMG, que recuam até 1956, cinco tufões obrigaram ao hastear do sinal máximo. Na quarta-feira, à passagem do tufão Hato, Macau içou pela sexta vez em 61 anos o sinal 10, algo que não sucedia desde 1999 quando o York atingiu Macau às portas da transferência do exercício de soberania.
O Hato foi o tufão mais forte em 53 anos, com rajadas superiores a 200 quilómetros por hora, apenas ‘batido’ pelo Ruby (1964), cujos ventos atingiram 211.
Macau é afetada anualmente de maio a outubro por tufões de diferentes graus, sendo o período de julho a setembro o mais suscetível à sua ocorrência.
Foto Reuters