A Tratolixo, empresa intermunicipal responsável pelo tratamento de resíduos urbanos nos municípios de Mafra, Cascais, Oeiras e Sintra), assinalou esta sexta-feira os seus 35 anos de atividade, com a inauguração de uma nova Unidade de Tratamento Mecânico com Separação Óptica Automática de Sacos com Biorresíduos.
A cerimónia teve lugar na nova localização desta unidade, no Ecoparque de Trajouce, em Cascais, contando com a presença do presidente do Conselho de Administração da Tratolixo, Nuno Soares, e do Secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, que na sessão de encerramento se mostrou “entusiasmado com soluções como esta”. O executivo ainda frisou que é fundamental “começar a ver os resíduos como matérias-primas secundárias”, sendo que Portugal é um dos países com capacidade para desenvolver uma indústria em torno desta premissa.
Por sua vez, Nuno Soares apresentou esta unidade “inovadora e disruptiva”, construída devido à “necessidade de repensar a estratégia”, depois da lei de 1 de janeiro de 2024, que obrigada todos os municípios a fazerem a recolha seletiva de biorresíduos.
Sendo um “desafio para os cidadãos, para os municípios e para os SGRU”, a estratégia teria de ser “conjunta”, para que “visasse sempre a alta e a baixa”. Assim, o presidente da Tratolixo garante que o regime de recolha seletiva em co-coleção foi “a melhor opção”, trazendo vantagens ambientais, económicas e sociais.
A nova unidade está integrada numa operação de 10 milhões de euros (que engloba ainda uma nova portaria operacional e o aumento da capacidade da Central de Digestão Anaeróbia) e representa um investimento de cinco milhões de euros, com o cofinanciamento do POSEUR em 85%.
A mais recente infraestrutura tem uma capacidade anual para tratar 300 mil toneladas de resíduos, o que significa a duplicação da capacidade de tratamento. Esta unidade permitirá a recuperação dos sacos verdes contendo os biorresíduos alimentares devidamente separados pelos munícipes de Cascais, Oeiras, Mafra e Sintra.
Estes biorresíduos, separados no Ecoparque de Trajouce, serão depois encaminhados para valorização orgânica na Central de Digestão Anaeróbia, em Mafra, onde a matéria biodegradável é transformada em biogás e em lama digerida. O gás é aproveitado e transformado em energia elétrica, sendo posteriormente injetada na Rede Eléctrica Nacional e a lama digerida é estabilizada por compostagem, dando origem a composto que pode ser utilizado em culturas agrícolas arbóreas e arbustivas. A Central foi igualmente ampliada para dar resposta à totalidade dos biorresíduos alimentares a tratar, aumentando a sua capacidade de tratamento biológico de 80 para 120 mil toneladas por ano.
Desta forma, Nuno Soares garantiu que a Tratolixo quer continuar a apostar na inovação, estando já em vista projetos com recurso à Inteligência Artificial. Todavia, “é preciso envolver mais os cidadãos, reforçar o setor com o envolvimento de todos os players e que existam os devidos incentivos para fazer mais e melhor”, concluiu o presidente.
A inauguração ficou ainda marcada por uma visita técnica a toda a fábrica.