Entre os dias 14 e 17 de novembro, o Centro de Congresso de Lisboa vai acolher a edição 2022 da TRA – Transport Research Arena. Reconhecida como a maior conferência europeia de investigação e tecnologia em matéria de mobilidade e transportes, a Ambiente Magazine foi ao encontro de Luís Maia, delegado para o Programa Horizonte Europa e porta-voz da TRA 2022, e de Marta Teixeira Pinto, delegada para o Programa Horizonte Europa e porta-voz da TRA 2022, que nos falam da importância dos transportes para uma mobilidade mais descarbonizada, bem como de algumas das novidades previstas para esta edição e, ainda, a mensagem que desejam transmitir.
Dada a importância dos transportes na transição para uma economia de neutralidade carbónica, sendo responsáveis por uma fatia muito importante das emissões totais de CO2, Luís Maia adianta que a TRA vai dedicar um dia ao tema da “mobilidade verde e descarbonização”, acrescentando que o programa da conferência se divide em “quatro grandes temas”, sendo que cada dia será dedicado a um tema diferente. Na segunda-feira, dia 14, vão debater-se as “Soluções de mobilidade inteligente e sociedade” (Smart Solutions and Society ); na terça-feira, dia 15, o dia será dedicado à “Mobilidade verde e descarbonização” (Green Mobility and Decarbonisation); na quarta-feira, dia 16, estarão em destaque as “Infraestruturas inovadores para a Europa 2030” (Innovative Infrastructure for Europe 2030); e na quinta-feira, dia 17, o encontro culmina com as “Políticas públicas para uma sociedade mais competitiva” (Policies and Economics for a Competitive Europe). De acordo com o responsável, o programa diário da conferência aborda cada um destes temas, estando estruturado em torno de uma “sessão plenária”, onde serão “debatidas as questões mais estruturais e políticas públicas, múltiplas sessões científicas e técnicas”, que servirão para “apresentar e debater as questões mais técnicas e o que está a acontecer a nível científico”, e “três sessões estratégicas, que farão a ponte entre as plenárias e as sessões científicas e técnicas”, debatendo as “principais questões estratégicas” dentro de cada tema.
“Aposta concertada por todos os Estados-Membros, em soluções sustentáveis e digitais para o setor dos transportes”
Enquanto “maior evento europeu dedicado à investigação e desenvolvimento na área dos transportes e mobilidade”, a TRA, tal como esclarece Marta Pinto, destina-se a empresas, desde “start-ups a grandes empresas industriais”, a “docentes e investigadores de universidades e centros de R&D, a representantes da administração pública”, dos “mais jovens aos mais experientes” e a “todos aqueles com interesse em participar numa ´arena` onde não só se irá debater os principais desafios dos transportes, nomeadamente a descarbonização e a mobilidade verde e inteligente”, como também se irá “conhecer em primeira mão, através de um espaço com mais de 7.000m2 de exibição, o que há de novo neste setor em matéria de produtos, serviços e soluções”.
Sob o mote “Moving together – reimagining mobility worldwide”, pretende-se passar uma mensagem que reforce a importância do setor de transportes se modernizar cada vez mais, no sentido de se tornar mais responsivo, mais rápido, seguro e verde: “Atualmente, há um conjunto de tendências às quais devemos estar atentos, pois estas têm um impacto muito profundo na forma como vivemos, como trabalhamos e até como nos deslocamos”. A título de exemplo, Marta Pinto destaca a digitalização, a automação e a descarbonização: “O ano de 2022 trouxe inúmeros desafios para a economia e para a indústria, devido ainda ao impacto da pandemia e à guerra na Ucrânia, desafios esses muito relacionados com interrupções contínuas nas cadeias de produção e grandes incertezas sobre a distribuição/produção de energia”. Diante desta “transformação tão abrupta”, a responsável considera essencial “haver uma aposta concertada por todos os Estados-Membros”, em soluções sustentáveis e digitais para o setor dos transportes.
Nesta ótica, Marta Pinto acrescenta ainda que outra das mensagens que desejam passar é, precisamente, “chamar as pessoas a fazerem parte desta mudança de paradigma”, que, mais do que necessária, é obrigatório: “Queremos não só debater as grandes preocupações, transformadas nas quatro principais temáticas destes quatro dias de evento, mas também, e acima de tudo, convidar as pessoas a explorar, discutir e demonstrar essas grandes mudanças de paradigma direcionadas especificamente da nossa vida, como transporte, mobilidade, logística e produção industrial”.
Para tal, a TRA vai contar com mais de 100 sessões programadas, distribuídas entre várias tipologias desde “plenárias, estratégicas, científicas e técnicas”, todas elas com participação e presença de personalidades do mundo académico, político, científico e industrial: “Para termos noção da dimensão da excelência científica e técnica, a TRA é mais do que uma conferência, é uma arena onde iremos, por um lado, assistir a um conjunto de sessões que são distintas em cada um dos dias e que são introduzidas pelas Sessões Plenárias”. A isto seguem-se as “três Sessões Estratégicas diárias”, onde se desenvolvem os temas da jornada e se transmitem as principais prioridades da União Europeia, específica a responsável, acrescentando que as “discussões mais aprofundadas e apresentação de trabalhos técnicos ocorrerão nas Sessões Científicas e Técnicas”. Por outro lado, é na “arena TRA”, e principalmente na “zona de demonstração e exibição”, que também será possível “experienciar um conjunto de inovações e tecnologias que refletem plenamente a natureza multimodal e multidisciplinar do setor dos transportes”, destaca.
Dublin acolhe edição 2024
A escolha de Lisboa para acolher esta edição da TRA prende-se com o facto de a conferência ocorrer a cada dois anos numa capital europeia, sendo que a capital portuguesa foi a escolhida para acolher esta que já vai na sua nona edição. A próxima edição realizar-se-á em 2024, em Dublin.
Em Portugal, é a ANI – Agência Nacional de Inovação a promotora da TRA que, conta com a parceria da Comissão Europeia e com as principais plataformas tecnológicas europeias na área dos transportes e em cooperação com um conjunto de entidades nacionais que incluem o IMT – Instituto dos Transportes e Mobilidade, o LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, o Consórcio Português de Escolas de Engenharias e a Magellan Circle.