“Transformer 4.0” vai contribuir para a sustentabilidade económica e ambiental dos transformadores de potência
Três instituições portuguesas e uma norte-americana vão desenvolver uma plataforma digital, pioneira a nível nacional, baseada no conceito de “digital twin” visando a transformação digital do ciclo de vida do transformador de potência. O Transformer 4.0 -Digital Revolution of Power Transformers é um dos quatro projetos bandeira de 2020 da parceria internacional MIT Portugal nas áreas de Digital Transformation in Manufacturing and Sustainable Cities, e irá contribuir para a sustentabilidade económica e ambiental da produção e operação dos transformadores de potência, refere em comunicado o Centro de Engenharia e Sistemas Empresariais (CESE) do INESC TEC.
À medida que os métodos de geração e distribuição de energia evoluem, “todos os atores neste campo devem adaptar-se para corresponder aos novos padrões globais de eficiência e sustentabilidade”, refere o centro. A era das “smart grids” exige assim “novas abordagens”, passando pela “digitalização dos ativos das redes de energia”, o que implica um “processo de transformação digital do setor nas suas várias dimensões”. É aqui que o projeto “Transformer 4.0” irá ter um impacto crucial, em particular na transformação digital do ciclo de vida do produto do transformador de potência: “do projeto preliminar à atualização do produto, passando pela operação e manutenção”, lê-se no mesmo comunicado.
“O digital twin do transformador de potência, sendo um modelo virtual e completo do sistema físico, potenciará modelos inovadores de gestão e desenvolvimento na engenharia, fabrico e serviço dos transformadores de potência”, explica António Lucas Soares, coordenador do CESE.
A plataforma a ser desenvolvida no âmbito do projeto assenta no conceito de “digital twin” e agregará um conjunto de ferramentas baseadas em “técnicas de investigação operacional, inteligência artificial e gestão da informação”, possibilitando a “extração e gestão de novo conhecimento relativo ao ciclo de vida do transformador de potência”, refere o comunicado.
“Uma gestão mais precisa do ciclo de vida através, entre outros, da monitorização inteligente da condição de serviço, da manutenção preventiva e da avaliação do seu envelhecimento, irá contribuir não só para melhorar significativamente os processos de engenharia dos transformadores, mas também chegar a novos modelos de negócio na sua exploração”, acrescenta o responsável e também professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). No âmbito deste projeto irá também ser investigado o fabricado digital (impressão 3D) de alguns dos componentes do transformador de potência.
“A um nível mais amplo, espera-se que os resultados de investigação deste projeto possam facilitar e promover a gestão integral do ciclo de vida de produtos e a criação de novos modelos de negócio baseados em digital twin”, diz António Lucas Soares.
Segundo o INESC TEC, o “digital twin” é um conceito que já vem sendo aplicado a outras áreas, tais como automóvel, construção ou saúde. Esta réplica digital de um produto ou processo permite obter dados em tempo real através de sensores instalados nos objetos, permitindo assim uma “otimização do seu funcionamento” e a “criação de conhecimento para o desenvolvimento e novos produtos”.
O Transformer 4.0 é um projeto interdisciplinar de investigação e desenvolvimento que integra competências nas áreas de engenharia industrial, eletrotécnica, informática e gestão. Além do INESC TEC, tem como parceiros a EFACEC (líder), o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). O projeto Transformer 4.0 – Digital Revolution of Power Transformers é cofinanciado em 2 milhões de euros pelo FEDER –Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional através do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização – COMPETE 2020 e do Programa Operacional Regional do Norte – NORTE 2020 e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do Programa MIT Portugal. O projeto tem a duração prevista de 36 meses, tendo-se iniciado em julho de 2020.