Está quase a chegar a terceira edição do Tomorrow Summit. Este ano, a Ambiente Magazine é media partner do evento que se realiza entre os dias 25 e 27 de novembro, num formato online e totalmente inovador.
Marcos Alves Teixeira, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), organizadora do evento, revela que na edição deste ano será abordado o “papel do humano” e da “máquina no planeta”, através da “discussão de 10 desafios tecnológicos” para a próxima década: “E-skills, Ética Digital, Criatividade Aumentada, Inteligência Artificial, Indústria 4.0, Saúde Digital, Sustentabilidade, Mercado Único Digital, Smart Cities e Empreendedorismo”. A Tomorrow Summit irá, assim, integrar numa só plataforma um “ecossistema” de “inovação, investigação e tecnologia”, através da “interligação digital” entre a “academia, investigadores, empreendedores, investidores, empresários e decisores políticos”, acrescenta.
“Challenge Tomorrow” é o mote central da Tomorrow Summit 2020: “O objetivo é que haja uma reflexão sobre o impacto da tecnologia nas nossas vidas e a relevância do seu domínio para a resolução de problemas”. Com inscrição gratuita, os participantes vão encontrar ao longo do evento um “espaço único de discussão e aprendizagem”, mas também de “oportunidade para a construção e apresentação de ideias e soluções para transformar o mundo”. Segundo o responsável, a Tomorrow Summit vai reunir “oradores de referência” para ajudar a responder às “dúvidas, interrogações e anseios da sociedade e da região”. No palco principal sobre o desafio “Sustentabilidade” o orador convidado será João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, Jorge Moreira da Silva, diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE, e a professora Elvira Fortunato, vencedora do Prémio Horizon Impact Award 2020.
[blockquote style=”1″]Conciliar inovação e desenvolvimento tecnológico com sustentabilidade[/blockquote]
Marcos Alves Teixeira não tem dúvidas quanto às mais-valias da tecnologia na sustentabilidade, nomeadamente através da internet e do desenvolvimento de soluções e aplicações de base tecnológica: “Desde a redução do uso de papel com as faturas e documentos digitais, até à rastreabilidade dos produtos ao longo da cadeia de fornecimento, passando ainda pelo desenvolvimento e utilização de apps que permitem tornar os nossos hábitos mais amigos do ambiente e sustentáveis”. Para o presidente da FAP, a “busca pela maximização no uso dos recursos” tende a melhorar o “aproveitamento dos recursos naturais” e, assim, a “sustentabilidade é favorecida”. No entanto há desafios: um deles centra-se na “conciliação da inovação e o desenvolvimento tecnológico” com a “sustentabilidade”, refere. Depois, há ainda a necessidade de um “maior investimento” na “sensibilização e capacitação das pessoas para a utilização da tecnologia na construção de um planeta cada vez mais sustentável”, acrescenta. E com a “realização deste evento” e ao eleger a “sustentabilidade” como um dos “dez desafios tecnológicos da próxima década”, a FAP está a dar o seu contributo, afirma.
Mais do que nunca, a sustentabilidade deve estar na agenda de todas as empresas ou negócios: “Considero que as empresas estão cada vez mais alertas e conscientes da importância da sustentabilidade e da forma como podem impactar a responsabilidade ambiental na sua atividade”. E tal consciência, diz o responsável, está, cada vez mais, “incutida na gestão das empresas portuguesas”. A “sustentabilidade empresarial” implica assim que uma “empresa faça a gestão da sua atividade e crie valor” e, ao mesmo tempo, que “crie benefícios sociais e ambientais para os seus stakeholders”, refere.
Do ponto de vista de Marcos Alves Teixeira, é importante “conciliar o desenvolvimento da atividade empresarial com a sustentabilidade ambiental”, até porque, os “recursos do planeta não são infinitos”. E, numa fase inicial, lembra, o movimento crescente da sustentabilidade empresarial resultou no “aparecimento de novos requisitos legais” que “implicam custos financeiros”, no entanto, numa “fase posterior”, o que se tem assistido é que a “consciencialização” e o “reconhecimento” de que a “integração de aspetos ambientais e sociais nos processos de tomada de decisão” podem resultar em “novas oportunidades de negócio” e, inclusive, ter um “reflexo direto na criação de valor económico”.
[blockquote style=”1″]A tecnologia tem sido um “forte aliado” no combate à Covid-19[/blockquote]
Relativamente à questão pandémica que o mundo vive, o presidente da FAP acredita que, além das “consequências irreparáveis de saúde pública” a Covid-19 vai, também, “alterar o modelo de sociedade em que vivemos”. Já a tecnologia tem sido um “forte aliado” no combate à crise, nomeadamente, na “criação de soluções” e, ao mesmo tempo, tem sido alvo de uma “evolução quântica no aumento de utilizadores e rapidez na capacidade de implementação e adaptação às aplicações tecnológicas”. Prova disso é que “temos assistido a um aumento significativo da digitalização das empresas”, algumas de base local, “à maior procura dos produtos locais” e ao “aumento exponencial do comércio eletrónico”. Se a pandemia pode ou não ser uma oportunidade, o responsável é perentório: “Se formos capazes de canalizar esta maior predisposição para a utilização de ferramentas tecnológicas para a promoção de uma sociedade e planeta mais sustentável, estaremos a falar de uma oportunidade ganha”.
Nunca o futuro foi tão difícil de prever e nunca o mundo mudou tanto de forma tão rápida. Trata-se assim de um fenómeno que “aumenta a exigência” para uma discussão séria e abrangente sobre o amanhã: “A Tomorrow Summit pretende incentivar essa discussão, assumindo a investigação, inovação e desenvolvimento tecnológico como prioridade para o debate público, contribuído desta forma para uma geração e um território mais bem preparado para o amanhã”, refere. Posto isto não restam dúvidas de que o “mundo que encontraremos na próxima década” dependerá “muito dos nossos comportamentos, decisões e ações de hoje”, sustenta.
Portugal tem em curso o “Programa Nacional para as Alterações Climáticas 2020/2030” com o objetivo de “garantir o cumprimento das metas nacionais” em matéria de alterações climáticas, colocando o país em “linha” com os objetivos europeus e com o Acordo de Paris. Nesta matéria, o presidente da FAP considera que são importantes os “compromissos nacionais”, mas, é tão importante, um combate à escala global: “É importante que todas as nações tenham a consciência plena do planeta que querem deixar para as gerações do ´amanhã`”.