“Todos os materiais do pneu têm utilização”, defende Genan
“Como é que vê a reciclagem de pneus em Portugal, na Europa e também no mundo?” foi uma das questões que o jornalista Pedro Pinto levantou no debate “Adaptação a uma nova realidade. Que oportunidades para o setor?”, realizado na passada quarta-feira no 18.º Encontro da Valorpneu.
José Carvalho, director of Business Innovation da Genan, descreve a reciclagem de pneus em Portugal como sendo excelente: “A Valorpneu tem garantido a recolha de uma quantidade de pneus muito significativa”, ao ponto de “ultrapassar mesmo os 100% daquilo que são os pneus recolhidos”. A isto, acresce a “operação da reciclagem” que tem vindo a “aproximar-se dos 60% do total dos pneus disponíveis”, refere.
De acordo com o responsável, Portugal está “muito próximo dos 60% de reciclagem” e está, mesmo, a “ultrapassar” o valor da taxa de recolha de pneus: “Dificilmente, se veem pneus em qualquer local a contaminar aquilo que é o nosso meio ambiente”. O mesmo não acontece na Europa e no mundo: “Estamos a falar 88 mil toneladas de pneus que são recolhidos anualmente pelo sistema”. Já Mundialmente, são 31 milhões de toneladas de pneus gerados anualmente. E se o mundo for dividido, “15 milhões pertencem à China”, sendo que “só 30% é que se sabe exatamente o destino que eles têm”. À Europa e aos Estados Unidos da América (EUA), o número situa-se nos 3,5 milhões de toneladas com a Europa a ter “uma taxa de reciclagem bem maior do que a dos EUA”, refere. Ainda em termos mundiais, José Carvalho refere que o país com maior taxa de reciclagem é a Índia, que se “aproxima dos 85%”, devido, essencialmente, à “regeneração de materiais”.
[blockquote style=”2″]Os pneus são uma parte importante no processo da economia circular[/blockquote]
“31 milhões de pneus que são gerados anualmente no mundo é um número que não pode ser ignorado pela sociedade, governos e organizações: “O pneu é um recurso muito importante para a continuação da economia”. E a prova disso é que, na Genan, a empresa recupera 100% de um pneu: “75% é borracha, 15% é aço e 10% é têxtil”. Todos os materiais do pneu têm utilização: “Há um conjunto muito grande de atividades que podem ser o destino destes materiais”, sustenta. No entanto, há algo que não pode ser esquecido: “A utilização dos derivados dos pneus não pode ser deixada apenas à indústria, tendo que ser consciencializada por toda a sociedade”. José Carvalho dá como o exemplo o facto de “quando se falava em material reciclado, quase que dava arrepios às pessoas”, reconhecendo, contudo que, a realidade já é bem diferente: “Essa consciencialização leva a que haja mais potenciais utilizadores”. Outro aspeto tão importante é que essa mesma utilização seja “adequada ao uso”, isto é, “aquilo que vamos fazer” e “respeitando as condições ecológicas, económicas e técnicas” que vão “implicar” para que o “produto seja duradouro”.
José Carvalho quis também chamar a atenção para um “problema técnico” que persiste na área e que se centra nos “reciclados dos pneus”. O termo que melhor resposta parece dar ao entrave é o “cradle to cradle” (voltar à origem): “Tenho um material, vou reciclá-lo e vou colocá-lo na origem”. Ainda assim, verifica-se que “colocar os reciclados de pneu no próprio pneu” ainda não é uma realidade. No caso da Genan, o “cradle to cradle” está a ser utilizado de um pneu para um automóvel: “Estamos trabalhar com construtores automóveis para utilizar parte desses materiais de novo nos veículos”. Com esta prática, os pneus podem ser e são uma “parte importante” no “processo da economia circular”.