No passado mês de junho, durante a Conferência dos Oceanos, foi apresentada a tecnologia portuguesa que promete ajudar a salvar os oceanos: “The Reef Company”. A mais recente startup escolhe Portugal para criar e implementar eco recifes que servirão como “apartamentos” para peixes e plantas, permitindo combater a perda da biodiversidade. Com parcerias tecnológicas e governamentais firmadas, a startup planeia implementar os primeiros projetos piloto no final deste ano e a zona da Comporta é a eleita para começar a operação, adianta a startup, num comunicado.
Apaixonado pelos oceanos desde sempre, o empreendedor Jeroen van de Wall encontrou na tecnologia a resposta à devastação ambiental crescente e juntou-se a Manuel Simas, cofundador da The Reef Company, para construir a solução para o futuro dos oceanos. Com a missão de ultrapassar o desafio da perda da biodiversidade, das alterações climáticas e da desigualdade socioeconómica, o trabalho da startup assenta em dois modelos tecnológicos que resultam em eco recifes e no aparelho “BluBoxx”.
Os ecos recifes são estruturas que têm como objetivo “criar a maior superfície de crescimento possível”, bem como “oferecer abrigo para a vida marinha, podendo também contribuir para a melhoria da resiliência costeira”, explica a The Reef Company, acrescentando que “todos os ecos recifes são equipados com uma infra- estrutura “BluBoxx”, responsável por recolher, gravar e analisar uma série de dados marítimos, que servirão como ponto de partida para uma série de aplicações em todo o mundo, sendo útil, por exemplo, para as indústrias de alimentos e agricultura, para o turismo, a resiliência costeira, a bio e tecnologia médica, a investigação científica e académica, entre outras”.
“Infelizmente, já não será possível salvar o planeta através de soluções 100% naturais, pelo que devemos tirar o melhor partido das inovações tecnológicas para reverter a situação. Na The Reef Company, é isso que queremos: colocar a tecnologia ao serviço dos oceanos para os salvar! Devolver a vida aos oceanos é tudo o que precisamos para garantir a nossa própria vida. Neste momento, está na hora de começar a falar menos e a agir mais para o conseguir”, declara Jeroen van de Wall, fundador e CEO da The Reef Company, citado no comunicado.
Embora trata-se de solução tecnológica, todos os materiais utilizados são de “baixo carbono” e provenientes de “resíduos locais, como dragados”, consistindo num “geopolímero, fabricado localmente, o mais próximo possível dos locais de implantação – locais esses que começam em Portugal”. Com ambições de expansão para todos os continentes e com demonstrações de interesse por parte do Brasil, Costa Rica, Malásia e Médio Oriente, a operação da The Reef Company tem início nas regiões costeiras da Comporta, Cascais e Madeira.
“Portugal é um país de mar e, onde outrora se encontravam extensas pradarias marinhas cheias de vida, encontramos agora verdadeiros desertos. Além disso, somos banhados pelo oceano, pelo que não temos melhor motivo para começar a atuar aqui”, afirma o CEO da The Reef Company.
Com uma equipa internacional constituída, até ao momento, por 15 pessoas, a The Reef Company conta fechar novas parcerias em breve, atrair talento português e criar centros de excelência para apoiar a operação. Para já, e até ao final do ano, iniciar-se-á a implementação do projeto piloto na Comporta, sendo o primeiro passo na missão de ter centenas de milhares de recifes implementados a nível mundial, que permitam combater as alterações climáticas e restabelecer o equilíbrio dos oceanos.