A The Navigator Company realizou esta quinta-feira a décima edição do Fórum de Sustentabilidade que, este ano, se subordinou ao tema “Capital Natural, Valor para os Negócios, a Natureza e a Sociedade”.
Nesta sessão, António Redondo, CEO da The Navigator Company e presidente do Fórum de Sustentabilidade, referiu ser claro que o “desafio de gerir um território à escala da paisagem”, criando “valor e sustentabilidade” para a comunidade, ambiente e vários agentes económicos, só é possível numa “lógica participativa” e de “procura de consenso” para os “temas sociais, ambientais e mais relevantes” para todas as partes interessadas. Ficou ainda patente o desafio de alcançar o “equilíbrio” entre a floresta de produção, a de conservação e a de recreação e lazer: “É um desígnio e uma responsabilidade partilhada”, sublinha. E para que todos os atores possam exercer o seu papel numa “abordagem integradora” é fundamental caracterizar, primeiramente, a floresta em Portugal, destacando, desde logo que “é o principal uso do solo no nosso país, ocupando 36% do território continental”, refere.
[blockquote style=”2″]Mitigar os efeitos das alterações climáticas[/blockquote]
Segundo o responsável, os dados demonstram uma “realidade que é inequívoca” – a diversidade da floresta nacional: “Uma diversidade que contraria o panorama europeu, onde 50 a 70% das florestas são denominadas por uma única espécie florestal, como são os casos da Finlândia, Áustria ou Irlanda. Em Portugal, diz o responsável, “nenhuma espécie ocupa isoladamente 30% do território florestal”, além de que é o “quarto país europeu com maior percentagem de floresta protegida, com cerca de 22%”. E “se a tudo isto acrescentarmos que, só nas florestas da The Navigator Company, estão classificadas 740 espécies de flora e 235 espécies de fauna, fica bem patente o equívoco acerca da biodiversidade portuguesa que alguns teimam em propagandear”, sublinha. Mas o “fator diferenciador” reside na gestão praticada: “A The Navigator Company assume, através da sua gestão responsável, um papel relevante na valorização nacional”, afirma, destacando que “o nosso projeto florestal assume-se como um motor da economia rural mas também como um fator de coesão territorial e social”. Para a empresa, a floresta assume assim uma “importância central”, estando na base de uma “cadeia de valor sustentável” que disponibiliza “produtos naturais, renováveis, recicláveis e biodegradáveis”. Além disso, assegura o responsável, contribui para “mitigar os efeitos das alterações climáticas”, promove o “ordenamento” e a “coesão territorial”, “enriquece e protege o solo”, “gera emprego” e “cria riqueza”.
António Redondo não tem dúvidas quanto à prestação da empresa no setor florestal: “Contribui para o desenvolvimento de uma floresta geradora de riqueza e de impactos positivos a nível ambiental e social”. Mas chama a atenção para o facto de que a “a evolução dos espaços florestais em Portugal resulta do desenvolvimento rápido da sociedade: “O saber técnico-científico e as práticas silvícolas foram adaptando-se ao longo do século para dar resposta às necessidade evolutivas do homem”. A floresta tem assim evoluído, segundo o responsável, para um “sistema complexo de dependência recíproca” entre a “dinâmica silva-industrial e a proteção de biometal”, isto é a “ocupação” e a “desertificação” dos territórios e o “desenvolvimento sócio-económico” contribui para esta dependência recíproca. É com base neste enquadramento se deve procurar “gerir” e “contabilizar interesses” de “produção sustentável de madeira” com os “serviços dos ecossistemas”, exemplifica.
[blockquote style=”2″]Fomentar a cooperação ao invés da competição[/blockquote]
No que diz respeito ao “desenvolvimento sustentável” para Portugal, o empresário considera importante “reconhecer” as “finalidades múltiplas” dos “mosaicos florestais” e a “dependência mútua na gestão de recursos entre floresta de produção e floresta de conservação”. Assim, o responsável defende que as florestas nacionais “poderão e deverão” ser o motor de desenvolvimento do país, quer pela “capacidade de aumentar a coesão territorial onde o acesso a outras atividade está condicionado”, quer por “permitir incorporar o valor a partir de matérias primas produzidas localmente”, além de “permitir o financiamento do restabelecimento manutenção de espaço de conservação e de proteção”. Para o CEO da The Navigator Company, a “realização do potencial da floresta portuguesa” depende da “união de esforços” entre fileiras, proprietários, prestadores de serviço e, agora, de toda a sociedade e do Estado: “Num país com a dimensão e ocupação territorial de Portugal e sendo o Estado proprietário de apenas 2% dos espaços florestais, a floresta de conservação não se desenvolverá apenas com forte subsidiação pública”.
E para enfrentar os desafios da descarbonização a que Portugal e a Europa se propuseram a empreender, a floresta assume um papel preponderante: “É crucial que se fomente a cooperação ao invés da competição, envolvendo os diversos atores, para que seja possível responder cabalmente à necessidade de a proteger contra o risco de incêndio, ao mesmo tempo que é estimulada a sua valorização económica”.
Assim, seria um “erro histórico” e uma “enorme irresponsabilidade intergeracional” se não se souber aproveitar o “Plano Europeu de Recuperação e Resiliência” para “ajudar o país a ultrapassar os problemas estruturais da floresta nacional”. Neste prisma, enquanto “parceiro-chave” na construção da floresta para o futuro, a The Navigator Company recomenda a promoção de um “pacto de estabilidade legislativa”, uma “gestão agrupada à escala da paisagem”, o “fomento florestal sempre em parcerias entre o Estado e os proprietários privados”, o “apoio às associações de produtores florestais e aos prestadores de serviço”, a “recolha e tratamento de sobrantes florestais” e “reforçar a utilização do conhecimento científico no setor”.