A The Body Shop acaba de lançar o seu primeiro Comércio com Comunidades de Plástico Reciclado, em Bangalore, na Índia. A iniciativa destaca o “lado humano menos conhecido da crise do plástico”, refere a empresa em comunicado. Com esta ação a marca não pretende apenas combater a poluição provocada pelo plástico mas também “fomentar a mudança social e ajudar a empoderar as pessoas ao mesmo tempo”. Para marcar este lançamento, a empresa revelou uma obra de arte gigante representando uma recolhedora de lixo indiana. Feita com plástico reciclado proveniente de recolhedores de lixo de Bangalore, a obra estará em exibição nos dias 10 e 11 de maio, no Borough Market, em Londres.
O planeta tem excesso de plástico. O efeito devastador dos resíduos de plástico de uso único nos oceanos é conhecido, no entanto há nesta crise um fator humano que raramente é falado. Mais de três mil milhões de pessoas no mundo (quase metade da população do planeta) vivem sem acesso a uma recolha organizada de resíduos, o que origina uma economia paralela de recolha de lixo. Algumas das pessoas mais marginalizadas do mundo apanham lixo para depois tentar vendê-lo para ganhar a vida. Estes recolhedores, muitos deles são mulheres que vivem frequentemente abaixo do limiar da pobreza e trabalham em condições terríveis, sendo desprezadas pela sociedade. Apesar disso, desempenham um papel crucial ao impedir que o plástico acabe nos rios e nos oceanos.
É por esse motivo que a The Body Shop está a lançar o seu primeiro projeto de Comércio com Comunidades de Plástico Reciclado, em parceria com a Plastics For Change, um programa de comércio justo verificado por entidades independentes. Lançado no Dia Mundial do Comércio Justo, este é o compromisso da marca para enfrentar a crise do plástico de forma diferente. Para a marca de produtos de beleza “banir o plástico não é solução”. Mas, se for usado com “responsabilidade e se lhe for dado o devido valor, o plástico pode ser sustentável”. A The Body Shop quer usar a reciclagem de plástico para ajudar a transformar vidas.
Comércio com comunidades de Plástico Reciclado em Bangalore, Índia
De acordo com a The Body Shop, só na Índia existem “1,5 milhões de recolhedores de lixo, que apanham seis mil toneladas de plástico todos os dias, plástico que, se não fosse apanhado, acabaria por poluir rios e oceanos”. A maioria dos recolhedores da Índia são Dalits, anteriormente conhecidos como “os intocáveis”. Estas pessoas são praticamente “invisíveis na sociedade indiana” e estão em “situação vulnerável” no que respeita aos rendimentos incertos que recebem para pagar o plástico que apanham. “Esta realidade faz com que o seu acesso a bens essenciais e a serviços básicos (educação, saúde, serviços financeiros, etc.) seja muito difícil”, lê-se no mesmo comunicado.
Durante o ano de 2019 a The Body Shop vai comprar 250 toneladas de plástico reciclado proveniente de Comércio com Comunidades, para usar em quase três milhões de garrafas de 250 ml de champôs e condicionadores. Esta fase marca o início de uma ambição maior, que é a de introduzir o Comércio com Comunidades de Plástico Reciclado em todo o plástico PET (politereftalato de etileno) usado pela The Body Shop nos próximos três anos. Ao longo destes três anos vai registar-se um aumento na compra de plástico reciclado proveniente do Comércio com Comunidades para mais de 900 toneladas, ajudando a empoderar até 2500 recolhedores de Bangalore, que receberão um preço justo e estável pelo seu trabalho e acesso a melhores condições de trabalho. Receberão também apoio no acesso à educação, saúde e serviços financeiros, para além do respeito e o reconhecimento que merecem na sociedade.
A The Body Shop e a Plastics for Change vão trabalhar lado a lado com parceiros locais, como a Hasiru Dala, uma organização não-governamental que luta pelos direitos dos recolhedores, e a Hasiru Dala Innovations, uma empresa social dedicada a criar oportunidades de emprego para os recolhedores.
“Como empresa sempre apoiámos causas como o empoderamento de pessoas, especialmente mulheres, e a proteção do nosso planeta. A nossas parcerias com a Plastics for Change, e outros parceiros, ajudarão não apenas os recolhedores de lixo, mas também a defender o plástico como um valioso recurso renovável quando utilizado de forma responsável, afirma Lee Mann, manager da Global Community Trade da The Body Shop.
Para Andrew Almack, CEO da Plastics for Change a reciclagem de plástico é uma importante fonte de rendimento para o 1% da população mais marginalizada nas cidades do mundo e estamos muito entusiasmados por criar esta parceria com a The Body Shop para ajudar esses grupos a obterem os benefícios sociais e financeiros que merecem. Este é o primeiro programa no mundo de recolha de plástico para reciclagem proveniente de comércio justo certificado”.