Territórios de baixa densidade podem beneficiar da bioeconomia através do impulso das grandes indústrias
A base de partida de Portugal é muito positiva para a bioeconomia: “Temos uma economia onde a especialização em torno daquilo que são atividades e setores nucleares da bioeconomia, como sejam a fileira florestal, a agroalimentar ou a vertente ligada ao mar e à economia do mar com uma expressão muito significativa, quer do ponto de vista primário, quer no âmbito das atividades transformadores (secundário ao industrial)”
Hermano Rodrigues, principal na EY-Parthenon, que falou, esta terça-feira, na sessão “Conversas sobre Sustentabilidade”, promovida pelo BCSD (Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável), não tem dúvidas de que o país está muito bem preparado para “capitalizar” esta vaga de crescimento da bioeconomia que está a ocorrer e que se antecipa que continue a crescer para o futuro.
A bioeconomia está muito “transversalizada” em outras atividades na economia portuguesa, sendo que este processo vai continuar a expandir-se, refere, dando como exemplo, “as indústrias da moda que têm uma componente ligada à bioeconomia” ou “a indústria química que se vai tornar cada vez mais uma indústria química biológica e assente na bioeconomia”.
No domínio primário, verifica-se que uma parte da bioeconomia está em “territórios de baixa densidade” e para que possam ter um “desenvolvimento significativo no futuro” caberá às “atividades industriais com potencial grande puxar pelo setor primário”, de forma a que este processo possa “beneficiar de forma significativa” esses territórios que “padecem de um conjunto de problemas que se tem vindo acentuar”, como é o caso do envelhecimento: “Há assim um potencial muito grande para que estes territórios se possam a vir a desenvolver no futuro”, reforça. Contudo, ao nível do setor primário há uma “fragmentação da atividade económica” com um “regime muito centrado na micropropriedade e na micoexploração” algo que, do ponto de vista do responsável, dificulta uma “exploração profissional da atividade económica” e, ao mesmo tempo, “impede uma rentabilidade relevante”, capaz de evitar problemas grandes, como os incêndios.
Voltando ao potencial do país, Hermano Rodrigues destaca que as estratégias que estão a ser desenhadas para o período de 2030 e no âmbito das respostas à crise da Covid-19 verifica-se que a bioeconomia ocupa um “espaço significativo nas prioridades” sendo, igualmente, uma “base de partida importante”. A isto acresce que, Portugal tem um “conjunto de players e grupo empresariais com grande dimensão” que podem, de facto, ter um “papel determinante” nesta matérias: “Por um lado, em matéria de inovação, de novos produtos, de processos e investimentos significativos em termos globais e, por outro lado, a sua capacidade industrial e empresarial nas soluções necessárias para problemas de competitividade e organização que estão mais a montante”, sustenta.
A segunda conversa, da segunda temporada das “Conversas sobre Sustentabilidade”, centrou-se no tema “Bioeconomia Circular: inovar para uma economia sustentável”.
*Foto Serra de Montejunto