A passagem do furacão Leslie por Portugal, no final do dia 13, ao chegar ao continente passou a tempestade tropical e afetou fortemente os distritos de Leiria e Coimbra, nomeadamente ao nível das matas nacionais litorais, mas também em muitas áreas de florestais privadas.
Existem milhares de árvores partidas e outras arrancadas numa vasta faixa litoral desde o concelho de Alcobaça, no distrito de Leiria, até ao distrito de Aveiro, que deixaram um novo rasto de destruição. As matas públicas mais afetadas são a Mata Nacional de Leiria, a Mata Nacional de Pedrógão, Mata Nacional do Urso, assim como alguns perímetros florestais a norte da Figueira da Foz, na faixa litoral, mas também a Mata Nacional do Choupal e a Mata Nacional do Buçaco onde forram derrubadas árvores monumentais.
Apenas a tempestade Gong, um ciclone extratropical a 19 de janeiro de 2013 teve um maior impacte sobre a destruição da nossa floresta, ao nível de queda de árvores.
O furacão Ofélia que passou ao largo do continente, a 15 de outubro do ano passado, teve ventos fortes e secos que propagaram os incêndios, tendo ardido cerca de 250 mil hectares em apenas 2 dias, também atingiu fortemente a floresta no centro do País.
Os cenários associados às alterações climáticas revelam o aumento da frequência de fenómenos meteorológicos extremos, como os furacões, tempestades com chuvas intensas em períodos curtos, secas prolongadas e incêndios.
Neste sentido, a Quercus considere essencial a tomada de medidas com afetação de recursos financeiros para a mitigação dos riscos, nomeadamente ao nível do ordenamento e gestão da floresta.
O ICNF deve ter meios financeiros e humanos robustos que lhe permitam agir rápida e eficazmente nestas situações extremas cada vez mais frequente. A Quercus considera que durante esta discussão do Orçamento de Estado ainda há margem para alocar mais verba ao ICNF destinada intervenções de emergência, manutenção e recuperação das Matas Nacionais.
As Matas Nacionais são a montra da floresta em Portugal e devem ser intervencionadas de forma exemplar, para servirem de exemplo aos proprietários privados que detêm cerca de 85% da floresta em Portugal. O Estado não pode exigir aos proprietários que cuidem e façam a gestão das suas matas sem ser o primeiro a dar o exemplo.