A previsão de temperaturas muito baixas para os próximos dias levam a associação ZERO a alertar, num comunicado, para a grande probabilidade de picos de poluição de ar, particularmente grave pelas enormes emissões provenientes do uso de lenha em muitas habitações em zonas urbanas e rurais. Também, a previsão de vento fraco e uma inversão térmica acabam, de acordo com a associação, por limitar uma maior dispersão dos poluentes, quer horizontal, quer vertical, conduzindo a concentrações muito elevadas de alguns poluentes, com destaque para as partículas resultantes da queima de biomassa.
Através de uma consulta ao site da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)que disponibiliza as medições, a ZERO identificou já este ano um episódio recente de poluição do ar associado ao uso de lareiras em Ílhavo, onde existe uma das estações de monitorização de qualidade do ar da rede nacional. Entre 6 e 9 de janeiro, segundo os dados da APA, citados pela associação, registaram-se “picos de concentração de partículas muito mais elevados desde o final da tarde até ao início da madrugada”, tendo-se mesmo “ultrapassado o valor-limite diário de partículas inaláveis (PM10) (50 g/m3) no dia 8 de janeiro, sábado, em que muitas pessoas permaneceram em casa com a lareira acesa”.
Soluções alternativas à queima ineficiente de biomassa
A ZERO defende a necessidade de medidas que alertem para a perigosidade do uso excessivo de lenha, principalmente de forma ineficiente, e do custo que as soluções alternativas estruturais têm, a começar pela sustentabilidade energética dos edifícios, à promoção de sistemas de climatização ativa eficientes e menos poluentes.
No entender da associação, recorrer ao uso de biomassa através da queima de lenha em lareiras deve ser feito recorrendo a recuperadores de calor tão eficientes quanto possível e com sistemas de redução das emissões de partículas ou através de equipamentos a pellets.
A ZERO defende ainda alertas para que a queima de lenha deva ser particularmente moderada em determinadas circunstâncias meteorológicas: “O uso de biomassa, de acordo com o tipo de instalação, pode causar uma poluição do ar muito significativa por partículas com grandes prejuízos para a saúde pública, podendo ainda prejudicar a qualidade do ar interior e, nalgumas situações, tal como aquando do uso de braseiras, provocar intoxicações por monóxido de carbono que podem levar à morte”.
Autarquias
Face ao cenário atual de pobreza energética em Portugal, marcado pela incapacidade de manter as casas quentes no inverno e frescas no verão, a ZERO considera que é fundamental avançar com a estratégia para a reabilitação de edifícios públicos e privados: “Uma medida verdadeiramente estruturante e de longo prazo que é necessário implementar e cujo avanço deve ter lugar em breve”. Da mesma forma, precisa a associação, a estratégia nacional de combate à pobreza energética que ainda não foi aprovada é um elemento essencial para lidar com a incapacidade de muitas famílias para conseguirem garantir conforto térmico nas suas casas.
Em Portugal, lembra a ZERO, o frio presente nas habitações estará na origem de quase 25% das mortes no inverno, sendo os idosos os mais afetados. Face ao frio previsto para os próximos dias, a ZERO deixa um apelo: “É fundamental um acompanhamento, principalmente pelas autarquias e serviços mais próximos, das famílias com maiores dificuldades para assegurarem um conforto minimamente adequado”.