“Temos potencial energético que não estamos a aproveitar enquanto país”

A conferência “Energia e Economia Circular”, promovida pela Smart Waste Portugal, organizou um painel sob o tema “O resíduo como recurso para a produção de energia”, contando com as intervenções de Anabela Antunes da PRIO Bio, Carlos Coelho da Greenvolt, Fernando Leite da LIPOR, Nuno Nascimento da Floene e Sandra Silva da Veolia Portugal.

E a ideia principal é partilhada por todos: “o resíduo tem uma riqueza muito diversificada de materiais que podem ser reaproveitados e valorizados na produção energética” – foram as palavras de arranque do responsável da LIPOR, que evidenciou bons avanços neste sentido, como por exemplo com a criação de uma Comunidade Energética Intermunicipal, que deixa de depender da rede de fornecimento nacional. Também Sandra Silva da Veolia Portugal, multinacional que em 2021 valorizou 48 milhões toneladas de resíduos, concordou que o apoio à produção local diminui a pegada carbónica.

Por sua vez, a representante da PRIO Bio garantiu que a empresa está a investir para “trabalhar com 100% de matérias-primas residuais”, como é o caso do óleo alimentar usado (que é preciso importar porque nem todo o óleo recolhido em Portugal seria suficiente para garantir o abastecimento da fábrica). Todos os anos, 100 mil toneladas de biodiesel são incorporadas no diesel, mas em Portugal esta incorporação é baixa, sendo apenas de 7%. A verdade é que este uso permite reduzir até 87% das emissões de CO2 (face ao diesel convencional), e o novo ecodiesel da PRIO, que usa 15% de biodiesel, permite reduzir até 20% das emissões e ainda reduz o consumo em 5%.

O biometano também não ficou fora da equação. A Floene quer ser facilitadora do acesso ao biometano: “acreditamos que está criado o momento, as bases estão cá, impulsionadas pelo conflito Rússia-Ucrânia”, confirmou Nuno Nascimento, “temos potencial energético que não estamos a aproveitar enquanto país”.

Fica, em geral, a concordância de continuar a caminhar para o fim do uso de combustíveis fósseis e para o reaproveitamento de resíduos.

A conferência realizou-se esta terça-feira, 27 de setembro, no auditório da EDP, em Lisboa.

Descarbonização da economia “não é uma escolha, é uma necessidade”