Tecnologias e digital fundamentais na construção de um futuro mais sustentável
Transição digital, uso inteligente das tecnologias, sustentabilidade do planeta, futuro dos negócios e do trabalho, empresas e os governos, talento e as qualificações e processo de recuperação económica no pós-pandemia foram temas que estiveram em debate na 30ª edição do Digital Business Congress, promovido pela APDC (Associação Portuguesa Para o Desenvolvimento das Comunicações).
Apesar de as perspetivas para o país serem otimistas, ficou clara a necessidade de se acelerar para não perder o “comboio” da competitividade e da relevância: “E aqui, as tecnologias e o digital são fundamentais para a construção do futuro que será cheio de oportunidades, mas já com outro paradigma”, lê-se numa nota divulgada à imprensa.
“Estamos no caminho certo para fomentar a competitividade da economia e criar emprego de maior qualidade, preparando o país para os desafios do presente e do futuro”, disse o primeiro ministro, António Costa, alertando, contudo, que a instabilidade vivida “obriga a uma constante atualização das políticas e medidas e a pandemia reforçou a urgência de uma transformação estrutural, alicerçada na tecnologia e no conhecimento. A verdade é que ganhámos anos no digital e os novos fundos vão permitir a construção de um Portugal do futuro assente na transição digital”.
Com o tema “Reinventing with Technology”, nos dois dias do Congresso, os oradores debateram o futuro: da tecnologia, dos setores fundamentais para a economia, da conciliação de prioridades, da recuperação económica, das lideranças, dos mais jovens, da ciência.
Para o ministro do ministro da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, “somos um país fortemente inovador, com grande capacidade digital. Um país que nos últimos anos foi sendo reconhecido pelo mundo por ter empresas fortemente inovadoras e talento qualificado e que vai continuar a fazer um esforço da presença digital das empresas e da literacia digital. A transformação digital é para Portugal uma possibilidade de dar o salto, se soubermos conciliar as vontades de todos”.
De acordo com a nota divulgada pela APDC, representantes dos setores automóvel, retalho e energia explicaram como é que as tecnologias estão já a transformar os seus negócios, antecipando um futuro de verdadeira reinvenção e disrupção, numa visão que é quase impossível de conseguir prever, tendo em conta a aceleração tecnológica e as mudanças de mercado. Mas todos acreditam nas enormes oportunidades que vão surgir e para as quais todos têm que estar preparados.
Até na ciência há alterações visíveis: “A pandemia colocou em evidência os cientistas e a necessidade de investir na ciência”, disse Elvira Fortunato, Vice‐Reitora da NOVA, destacaddo que, “nunca na história tinha acontecido desenvolver uma vacina num espaço tão curto e pandemia mostrou que a ciência é a solução. Isso só foi possível porque se trabalhou em conjunto em rede”.
E as políticas e estratégias europeias vão dar um empurrão para que o futuro chegue mais depressa. O comissário europeu Thierry Breton garantiu que o objetivo “é construir é uma Europa digital, que dará a possibilidade de aceder à tecnologia que precisamos”. Para isso “temos de acelerar o investimento para uma Europa mais resiliente, inclusiva e durável”, disse.
É o que se está a fazer com a estratégica pública definida para Portugal? Para António Costa Silva, presidente da Comissão Nacional de Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), há que “mexer nas alavancas que podem mudar definitivamente o país: as competências, a capitalização das empresas e o ecossistema de inovação”. Até porque “temos uma oportunidade extraordinária pela frente”. O desafio será “a execução e operacionalização do PRR”, pelo que “temos de trabalhar uns com os outros, agregar vontades e fazer as coisas a acontecer. Mobilizar o país, com transparência e prestação de contas”.
As redes de comunicações são cruciais, não só para o presente, mas para tudo o que se projeta no futuro. Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e Habitação, considera que, apesar da “litigância que tem tomado conta do setor, numa atitude pouco produtiva”, Governo, operadores e regulador “souberam encontrar em conjunto as respostas para assegurar as comunicações na pandemia”. Mas “o mercado está a mudar e exige adaptação os operadores. Os desafios do futuro são mais importantes do que os esforços do passado” e por isso há que corrigir problemas que subsistem, como a falta de cobertura em algumas zonas do país, a necessidade de mais ofertas tarifárias e a complexidade da informação. “Estamos a desenvolver uma política de comunicações à altura dos desafios do país e das necessidades dos cidadãos”, garantiu.
Como balanço do Congresso, Maria Manuel Leitão Marques, presidente da 30ª edição, elegeu a garantia digital como missão para levar para a Europa: “É uma composição de muita coisa que vi aqui: o acesso digital, a conectividade, os computadores que demoraram a chegar, a tarifa social e, talvez o mais importante e repetido neste congresso, as competências. Temos de acelerar as competências, acelerar a digitalização, mas sem esquecer as desigualdades”, disse.
Por seu turno, Rogério Carapuça, presidente da APDC, salientou a reinvenção do Congresso: “O que fizemos foi um programa de televisão, uma série com vários episódios e que terá o terceiro episódio em breve, quando o leilão do 5G estiver pronto, com o debate do Estado da Nação das Comunicações”.