Localizada em Sintra e subsidiária da Philip Morris International (PMI), a Tabaqueira é a maior empresa do setor em Portugal. Atualmente, emprega 1000 trabalhadores e em 2019 exportou mais de 80% da sua produção para 17 países, encontrando-se entre as 10 maiores empresas exportadoras nacionais. No entanto, a empresa assumiu um compromisso com a sustentabilidade, algo “transversal” a toda a atividade da Tabaqueira, procurando “minimizar as externalidades negativas associadas ao consumo dos seus produtos, operações e cadeia de valor”.
À Ambiente Magazine, Rosalina Tanganho, coordenadora da sustentabilidade da Tabaqueira, diz que a sustentabilidade “está subjacente ao nosso modelo de negócio”. Para levar avante o desígnio que o grupo assumiu desde 2016 – Um futuro melhor e livre de fumo – têm sido implementadas mudanças no paradigma de negócio e de gestão, com a PMI a empreender uma profunda transformação de toda a atividade empresarial e a todos os níveis da cadeia de valor, desde “a investigação e desenvolvimento com base na ciência; do cultivo de tabaco aos resíduos pós-consumo, com métricas claras de transformação do negócio”. São vários os avanços registados nas várias investigações em curso, sendo que empresa continua “a alocar recursos” para a “concretização desta ambição”. Rosalina Tanganho começa por destacar a “redução da nocividade dos produtos” através da “inovação, desenvolvimento e substanciação científica de melhores alternativas aos cigarros para fumadores adultos que continuam a fumar”, dando como exemplo os “produtos sem combustão”.
E à medida que o grupo se aproxima de tal desígnio, há outros objetivos estratégicos: o respeito pelas pessoas na cadeia de valor, a obtenção de excelência operacional, a redução da pegada ambiental ou a gestão sustentável dos recursos naturais limitados do planeta são alguns exemplos considerados pilares da sustentabilidade” pela empresa, até porque, “refletem os temas e oportunidades em que queremos poder contribuir de forma mais significativa para a sociedade”, vinca Rosalina Tanganho, frisando o trabalho que o grupo tem levado a cabo nos últimos anos, refletido no Relatório Integrado 2019. Segundo o documento, a PMI continua a demonstrar “liderança na abordagem às alterações climáticas e integra a lista A 2019 da Carbon Disclosure Project (CDP), em termos de Alterações Climáticas e de Segurança Hídrica”. Além disso, o relatório destaca o compromisso de, “até 2030, alcançar neutralidade carbónica como empresa e, até 2050, toda a cadeia”. Mas os desafios não se ficam por aqui: no que diz respeito aos resíduos, a meta ambiciosa da companhia passa por “reduzir para metade os resíduos plásticos dos nossos produtos até 2025 (versus 2021)”, afirma a coordenadora. Para tal, o objetivo primário passa por “reduzir o lixo na sua origem”, incentivando e permitindo que os fumadores descartem adequadamente as suas pontas de cigarro: “Iremos intensificar as campanhas de sensibilização ambiental e de incentivo ao descarte adequado do lixo pelos consumidores, em cooperação com as autoridades locais e outras entidades”. A “economia circular” é também um tema crucial para a empresa e que já se reflete “no desenvolvimento dos nossos produtos, melhorando a eficiência e reciclabilidade e fortalecendo o programa de coleta dos dispositivos eletrónicos de aquecimento de tabaco”, realça.
As boas práticas da Tabaqueira
No que diz respeito à empresa portuguesa, a responsável destaca as “diversas campanhas de sensibilização ambiental” que a Tabaqueira tem desenvolvido, procurando “alertar os consumidores para a importância de descartar adequadamente o lixo que produzem” em parceria com municípios portugueses e eventos de grande dimensão. A “implementação de novos produtos de tabaco aquecido sem combustão” é uma prática em que a subsidiária da PMI também se tem diferenciado: “São melhores alternativas aos cigarros para fumadores adultos que continuam a fumar”, afirma a responsável. Já sobre as boas práticas da empresa, o destaque vai para os “principais centros de produção da PMI na Europa”, no que respeita à “gestão sustentável”, diz Rosalina Tanganho, lembrando que, em 2019, foi a “primeira fábrica em Portugal a garantir a certificação Alliance for Water Stewardship (AWS)” que reconhece a gestão sustentável de água.
O investimento em novas tecnologias tem permitido à Tabaqueira assegurar uma política de sustentabilidade. Desde 2015 que a “totalidade da energia elétrica” consumida é proveniente de “fontes renováveis”, diz a responsável, dando conta que “reciclamos ou valorizamos energeticamente mais de 99% dos resíduos gerados”. Entre 2010 e 2019, a empresa “reduziu o consumo de água em 48% e de energia em 40% e as emissões de CO2 em 71%”, refere. Além disso, a empresa desenvolveu, nas instalações da sua fábrica, um programa a nível energético e ambiental”, que contempla um “parque solar fotovoltaico” e a “renaturalização de uma ribeira”. De acordo com Rosalina Tanganho, com o investimento superior a “um milhão e meio de euros” ,foi possível “implementar uma central solar fotovoltaica”, que cobre uma “área de 5.525 m2 com capacidade de 1MW” e que garantirá a meta da Tabaqueira de “5% na geração de energia elétrica para autoconsumo”, contribuindo para a redução da pegada ambiental de emissões de CO2 em mais de “800 toneladas por ano”.
No domínio da sensibilização ambiental, a Tabaqueira tem promovido inúmeras iniciativas no domínio da sensibilização ambiental, com destaque para o mais recente projeto-piloto tecnológico para “combater o lixo no chão”. Realizado no âmbito da Capital Verde Europeia 2020, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, esta iniciativa visa “recolher informações, através do recurso a tecnologia na área da inteligência artificial e da localização inteligente, sobre os resíduos depostos nas ruas da cidade”, refere a responsável.
“Devemos ser totalmente intransigentes na proteção do ambiente: não pode haver recuos!”
No atual contexto, “adaptar” e “reinventar” são talvez os melhores conceitos que definem as empresas. O mesmo se aplica à Tabaqueira que teve que “adaptar alguns projetos”, garantindo que a sustentabilidade também passasse pela “criação de valor” e pelo “desenvolvimento sustentável dos stakeholders”, tal como é “apanágio da nossa visão integrada de sustentabilidade transversal a toda a nossa atividade empresarial”, diz Rosalina Tanganho. A gestão dos resíduos também tem sido muito debatida ao longo dos últimos meses: “Esta questão é transversal a muitos outros produtos que são descartados incorretamente, não só filtros de cigarro mas também vidros, papel, garrafas de plástico, a que se vieram juntar, agora, as máscaras descartáveis que se encontram no chão”. No atual contexto, a responsável considera necessária uma “intensa consciencialização dos cidadãos quanto ao impacto das suas ações no que a esta matéria respeita”, em prol de uma “boa gestão dos recursos naturais e da sustentabilidade futura do planeta”.
Mesmo em tempos excecionais, a coordenadora acredita que é “possível e faz todo o sentido continuar a trabalhar na sustentabilidade” e “apostar numa recuperação da economia verde”. Prova disso foi que, em junho de 2020, em pleno contexto de pandemia, a fábrica da Tabaqueira foi uma vez mais a “primeira unidade na região da Europa e em Portugal a ser certificada de acordo com a nova norma da AWS (AWS V2.0)”, no seguimento de mais uma auditoria pela SGS que “confirmou as boas práticas de uma gestão sustentável da água” na empresa, realça. Embora, a Covid-19 tenha trazido muitos desafios ao nível da “flexibilidade ou adaptabilidade”, Rosalina Tanganho é perentória: “Devemos ser totalmente intransigentes na proteção do ambiente: não pode haver recuos!”.