Suspeita de vírus do Nilo em Faro obriga a combater larvas de mosquitos
Depois de no início da semana ter sido detetado um caso provável de infeção por vírus do Nilo Ocidental, no Algarve, a Direção-Geral da Saúde (DGS) avançou com um programa de monitorização e de combate às larvas dos mosquitos no raio de ação de vinte quilómetros da área de residência do homem afetado, adiantou o diretor-geral da Saúde, Francisco George. Foram aplicados produtos biológicos contra as larvas, sobretudo em tanques de água, com matérias orgânicas, para travar uma eventual cadeia de transmissão, avança o jornal Público.
Contudo, vão ser necessários mais quinze dias, para se saber se o caso, classificado como provável, de infeção por vírus do Nilo – que se transmite pela picada de mosquito – se confirma ou não. A demora justifica-se porque é preciso que o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) proceda à confirmação laboratorial do caso, o que implica fazer “um teste de neutralização”, explicou Francisco George.
O caso foi declarado provável porque o homem afetado pelo vírus tinha, além de critérios clínicos para infeção com vírus do Nilo Ocidental, critérios laboratoriais (“anticorpos específicos”), precisou ainda o diretor-geral.
Por enquanto, as análises já efetuadas a mosquitos não revelaram a presença do vírus, mas mandam as boas práticas que a monitorização continue, tentando identificar a presença de mosquitos infetados em águas com matérias orgânicas, sobretudo estações de águas residuais.
A DGS definiu, assim, um perímetro de 20 quilómetros em redor do local de residência do homem para investigar potenciais criadores e usou também um produto que mata as larvas, um substituto biológico, neste caso o Vectobac, “que atua através do Bacillus thuyingiensis”, explicou Cesaltina Ramos, especialista em biocidas da DGS. O objetivo é interromper uma eventual cadeia de transmissão, reduzindo a população de mosquitos.
O caso de Faro levou segunda-feira a DGS a recomendar às autoridades e à população a adopção de medidas preventivas, como a utilização de de repelentes e de redes mosquiteiras. O vírus não se transmite de pessoa para pessoa, mas “unicamente por picada de mosquito do género Culex”, explicou então a DGS. Na forma menos grave, a doença provoca febre, dor de cabeça, dores musculares, entre outros sintomas. Em casos graves pode provocar meningite ou encefalite. Não existe um tratamento específico, nem vacinas.
O vírus do Nilo Ocidental é um vírus da família do flavivirus, semelhante a muitos outros vírus transportado por insectos. Foi identificado pela primeira vez em 1937 na região do Nilo Ocidental, no Uganda.