De acordo com o relatório “Is Coastal Tourism in Danger of Going Underwater?“, elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) em parceria com a consultora Oliver Wyman, a temperatura do planeta irá aumentar dois graus Celsius em 2040, o que trará efeitos negativos para a indústria hoteleira pelo desaparecimento de zonas costeiras e pelas alterações nos padrões de precipitação.
Fatores como a subida da temperatura fazem com que o nível das águas mar aumente significativamente, constituindo uma ameaça para o setor hoteleiro, uma vez que 80% das cadeias têm presença em ambientes de praia.
Em Portugal, o setor do turismo assume-se atualmente como um dos mais relevantes para a economia e o clima é um elemento-chave na oferta turística do País, o que faz com que qualquer variação nas condições climáticas possa ter um impacto significativo na indústria.
A comparação da linha de costa portuguesa em 2010 e em 2018 mostra que a extensão/comprimento da linha de costa afetada por erosão se mantém relativamente inalterada, não assistindo ao desencadear do processo erosivo em novas áreas. Contudo, mantém-se a prossecução do processo erosivo para o interior em algumas das áreas previamente identificadas em 2010, tendo-se registado até 2018 uma perda de território da ordem de 1 km2 (100 ha), segundo o Portal do Estado do Ambiente de Portugal.
Segundo os especialistas da Oliver Wyman, para evitar que tal aconteça, é necessário reduzir os níveis atuais de emissões de CO2 para metade, uma tarefa na qual as organizações terão um papel fundamental ao dar prioridade a iniciativas destinadas a mitigar os danos ambientais.
Estratégias sustentáveis são cada vez mais necessárias
Segundo o relatório, para enfrentar os impactos provocados pelas alterações climáticas será necessário desenvolver estratégias em duas frentes: mitigar ou reduzir as emissões de gases de estufa porque a indústria deve reconhecer e ser responsável pelas emissões que gera, bem como assumir o seu papel como parte do problema, além de ter de se adaptar, uma vez que essa é a única forma de minimizar as mudanças que inevitavelmente ocorrerão devido às emissões já geradas.
A Oliver Wyman indica que existem duas visões diferentes na indústria do turismo para combater os efeitos das alterações climáticas. A visão de que não haverá nenhuma consequência do ponto de vista do negócio e a visão daqueles que subestimam a sua capacidade de adaptação.
Ambas as visões resultam num atraso na implementação de medidas de atuação. Esta situação deve ser corrigida através do desenvolvimento de programas de informação e do trabalho direto com a indústria do turismo para que sejam tomadas as medidas necessárias.
A adoção de práticas sustentáveis também pode ser uma oportunidade de negócio. Por exemplo, através da substituição de garrafas de plástico por fontes sustentáveis. Outra medida que pode ajudar a impedir danos e reduzir custos no futuro é a utilização de barreiras naturais. Muitas vezes, as florestas de mangue são destruídas para dar lugar ao desenvolvimento costeiro. No entanto, se forem mantidas, podem atuar como uma grande barreira natural, evitando a possível destruição causada por fenómenos meteorológicos extremos.
Alguns dos principais players do setor, como a Disney, já começaram a agir, sabendo que este é um problema que pode levar à perda de um grande número de clientes. Assim, a Disney investiu em parques solares e está a desenvolver planos estratégicos para reduzir o desperdício de água.
Um clima previsível e estável é essencial para a indústria do turismo, pelo que as estratégias proativas de conservação estão a tornar-se uma componente essencial da experiência do cliente. As organizações que investem em responsabilidade ambiental tornarão os seus negócios mais estáveis, com grandes benefícios a longo prazo.