Num momento em que as alterações climáticas estão na ordem do dia, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) junta-se amanhã (sexta-fira) aos estudantes e à Marcha pelo Clima, em Lisboa. O objetivo, segundo a SPEA, é “chamar a atenção que o tempo urge e são precisas decisões eficazes a pensar não só no clima, mas também na perda da biodiversidade, e nas suas consequências para o planeta e para a saúde das pessoas”.
Por considerar que “estamos num período crítico em que é crucial tomar decisões concretas e eficazes”, a SPEA associa-se a esta iniciativa promovida por jovens estudantes preocupados com o clima e com a degradação dos ecossistemas, e que reclamam um futuro mais saúdavel e solidário. Segundo Domingos Leitão, diretor executivo da SPEA, “se protegemos espécies como o priolo, os abutres e as aves marinhas e a sua função nos ecossistemas; se restauramos habitats naturais como a laurissilva, as turfeiras ou outros habitats insulares; se lutamos por sítios, como a Lagoa dos Salgados ou as Alagoas Brancas; e se combatemos a agricultura intensiva e a prospecção de petróleo, então temos obrigação de aderir e incentivar os movimentos de cidadãos pelo clima.”
A protecção da biodiversidade implica a gestão sustentável dos recursos naturais e dos serviços dos ecossistemas. É urgente implementar políticas que travem a destruição do planeta e encarem a natureza como um valor a preservar. Fazemos parte da biodiversidade do nosso planeta, e dependemos dela para subsistir. Por outro lado, somos a principal causa da aceleração das alterações climáticas e da degradação dos ecossistemas; chegou a hora haver vontade política para travar esta catástrofe.
De acordo com relatório da Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES) existe mais de “um milhão de espécies ameaçadas de extinção” e uma perda considerável dos serviços de ecossistema: “23% da terra arável foi degradada pela agricultura intensiva e 33% dos stocks pesqueiros encontram-se sobre-explorados”. Para a SPEA, “estes dados são preocupantes e exigem medidas a nível nacional, europeu e global”.
Ainda segundo Domingos Leitão, “para a SPEA é claro que as políticas governamentais pelo clima e pela conservação da natureza estão interligadas e só serão eficientes e efetivas se os políticos virem a força na exigência dos cidadãos. É crucial que todos os setores da sociedade exijam aos seus governos e à União Europeia que atuem para combater as alterações climáticas. É por isso que apelamos aos cidadãos de todo o país que se juntem à Marcha pelo Clima, e que no domingo vão votar e o façam tendo em conta o futuro do planeta.”