SOS Amianto denuncia falta de equipamento de proteção individual para a remoção de amianto
A SOS Amianto, que pertence ao grupo Quercus, fez um levantamento no mercado nacional em matéria de remoção de amianto e constatou que o “fornecimento de meias máscaras de protecção adaptadas para filtros rosca do tipo P3 e fatos tyvec tipo 5/6”, imprescindíveis para a remoção deste tipo de materiais, “estão a escassear no mercado nacional”, quer por serem “encaminhados para a proteção dos profissionais de saúde contra o Covid-19”, quer por “ficarem retidos na alfândega devido à falta de conformidade CE”.
Em comunicado, a SOS Amianto evidencia “preocupação”, na medida em que o Governo português anunciou a “remoção de estruturas de amianto em 578 escolas para este período de pausa escolar”. A SOS Amianto já tinha alertado para o facto de este tipo de equipamentos de proteção individual ter escasseado no período de estado de emergência e avisa agora que “esta situação pode colocar em risco os trabalhos de remoção de amianto”, na medida em que “poderão não ser asseguradas as condições de segurança dos trabalhadores”.
As denúncias que a SOS Amianto recebeu recentemente relatam que, pela falta de fatos e máscaras de proteção, as empresas utilizam-nos durante vários dias consecutivos (sem troca, na pausa de máscara), em vez de substituírem estes equipamentos a cada duas horas. Desta forma “colocam em risco a saúde e segurança dos trabalhadores, dado que as fibras de amianto ficam “agarradas” aos fatos, numa das operações que requer mais rigor nos procedimentos de proteção contra a inalação destas fibras carcinogénicas”, alerta a associação.
A SOS Amianto salienta que em Portugal “não existem empresas habilitadas para a remoção de amianto em número suficiente para garantir a intervenção nas 578 escolas nos próximos dois meses e meio”, num período em que os equipamentos de proteção individual estão a ser condicionados para responder à pandemia a nível mundial. Por este motivo “tememos que, para cumprir o calendário, se recorra a empresas sem qualificação e não preparadas para este nível de exigência, não respeitando os critérios de higiene, segurança e saúde necessários para o manuseamento deste tipo de carcinogénico”, destaca a SOS Amianto.
“A remoção de amianto nas escolas é prioritária em Portugal, mas para resolvermos um problema não podemos criar outro, nem expor trabalhadores ou futuros utilizadores destes espaços ao risco de exposição ao amianto”, alerta Carmen Lima, coordenadora da SOS Amianto, considerando fundamental “definir um calendário de intervenções, para o próximo ano, considerando os cenários possíveis em período de Covid-19”.
Apesar de comprovado o risco das fibras de amianto e a sua relação entre a sua exposição e o desenvolvimento de cancro (mesotelioma, cancro do pulmão, cancro do ovário, cancro da laringe ou cancro do estômago) – levando a que fosse considerado “prioritário” pelo Comité Económico e Social Europeu, – o amianto não foi utilizado apenas em escolas: existem outros edifícios e infraestruturas, como comboios, barcos, hospitais, centros de saúde, museus, escritórios e empresas, entre outros, que também incorporaram estas fibras e onde existem certamente situações de risco perante exposição.