Sonangol diz que presença no Millennium e Galp é “estratégica” e para manter
O presidente do Conselho de Administração da angolana Sonangol disse hoje que as participações nos grupos de origem portuguesa Millennium BCP e Galp são “estratégicas” e “para manter”, apesar da contenção financeira na petrolífera estatal.
Francisco de Lemos José Maria falava em conferência de imprensa, em Luanda, negando a alegada “bancarrota” da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), transmitida por “artigos de opinião” e notícias nas últimas semanas, dando conta também do desinvestimento nestas duas empresas.
Ainda assim, disse que, devido à quebra nos rendimentos do sector petrolífero internacional, está um plano de contenção de custos na concessionária estatal angolana de até mil milhões de dólares ainda este ano, que “em princípio” não afecta os investimentos naquelas duas empresas portuguesas, por “não exigirem disponibilidade de capital”.Por outro lado, os investimentos que a Sonangol possui na Galp e no banco Millennium BCP são “investimentos estratégicos”, enfatizou, recordando que a empresa estatal angolana já recebe dividendos da petrolífera portuguesa desde 2013.
Sobre o banco Millennium, em que detém uma quota de 19,44% no capital social, Francisco de Lemos assegura que o programa de reestruturação “está em curso” e que o equilíbrio das contas é esperado “até final do ano”. “Depois, entraremos numa era de começar a partilhar rendimentos. Por isso, este programa de sinergias e de eficiência da Sonangol não vai afetar estas posições, porque constituem investimentos estratégicos para a companhia”, acrescentou.
A empresa tem, ainda, uma parceria na área da distribuição de combustíveis em Angola com a Galp, denominada de Sonangalp. Neste caso, o administrador da Sonangol assume que, por a petrolífera angolana também ter este tipo de operação de retalho, foi decidido “há algum tempo” desinvestir na mesma, projectando a alienação da sua quota (51%).
Conforme a Lusa noticiou a 04 de maio, o Estado angolano atribuiu “prestações suplementares” à petrolífera Sonangol, no valor de 100.528 milhões de kwanzas (730 milhões de euros, à taxa de câmbio atual), para investimentos em dois bancos de origem portuguesa, casos do Millennium BCP e do ex-Banco Espírito Santo Angola (BESA). A informação consta do último relatório e contas da petrolífera, no qual se reconhece que essas prestações “foram concedidas pelo Estado angolano” em 2014. “Os valores desembolsados pelo Estado tiveram como objetivo capitalizar a Sonangol E.P. com o objetivo do reforço do investimento financeiro no BCP e investimento no Banco Económico [que deu lugar ao anterior BESA]”, lê-se no documento.