Sonangol anuncia poço comercial de gás no pré-sal angolano com 813 milhões de barris
A petrolífera angolana Sonangol declarou ontem a exploração Zalophus1, no bloco 20/11, em águas profundas na bacia do Kwanza, como “poço comercial de gás”, com reservas estimadas em 813 milhões de barris de “óleo equivalente” (MMBOE). O anúncio é feito num comunicado conjunto enviado à Lusa pela Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) e pelos norte-americanos da Cobalt, que operam aquele bloco, tendo a confirmação sido feita numa zona do pré-sal angolano, após perfuração a 1.830 metros (lâmina de água), até uma profundidade final de 5.210 metros. “Tendo encontrado uma coluna de hidrocarbonetos de 44 metros de espessura líquida na secção pré-salífera”, entre condensado e gás, lê-se na mesma informação.
A Sonangol, enquanto concessionária nacional do setor petrolífero angolano, refere que “iniciará brevemente” contactos com o operador da concessão do bloco 20/11 para “a discussão das opções para o aproveitamento, desenvolvimento e monetização dos recursos de gás natural e condensados descobertos”.
Simultaneamente, a administração da Sonangol enfatiza que em coordenação com o Ministério dos Petróleos, “continuará a trabalhar” com o Governo “na indispensável definição da legislação adequada e no quadro regulatório, contratual, tributário e fiscal” para o setor. Esse quadro, refere, é necessário para permitir “o contínuo investimento para a confirmação do potencial de exploração de gás natural e para a monetização dos recursos descobertos, no quadro geral da estratégia para a massificação do consumo de gás na economia angolana”.
A Sonangol P&P detém uma participação de 30% na sociedade do bloco 20/11, tal como a BP, enquanto a Cobalt, operadora, conta com 40% no mesmo consórcio. A petrolífera estatal é liderada desde o início do mês por Isabel dos Santos, por nomeação do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, pai da empresária, no âmbito do processo de reestruturação do setor dos petróleos e da própria empresa, que se vai centrar na função de concessionária.
Cada barril de crude produzido em Angola custa atualmente em média 14 dólares, valor que a administração da Sonangol quer reduzir para “oito a dez dólares”.
A posição foi transmitida a 9 de junho pelo presidente da comissão executiva da Sonangol, Paulino Jerónimo, questionado pela agência Lusa no final de uma reunião na sede da empresa com as administrações das petrolíferas internacionais que operam em Angola. Estas disponibilizaram-se para participar no processo de redução de custos, no âmbito da reestruturação e ganhos de eficiência anunciados por Isabel dos Santos para a concessionária estatal.
“Tendo em conta todos os operadores, o nosso custo em média [por barril] é de 14 dólares e dito isso devem compreender que precisamos de fazer um esforço maior em termos de redução. [O valor desejado pela Sonangol é] oito a dez dólares”, disse ainda o administrador executivo da petrolífera estatal.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, com cerca de 1,7 milhões de barris de crude produzidos diariamente no ‘onshore’ e ‘offshore’. Contudo, o aumento da produção nos últimos meses contrasta com a quebra na cotação do barril de crude no mercado internacional, que caiu dos mais de 100 dólares em 2014 para menos de 30 no início deste ano, cifrando-se nos últimos dias acima dos 50. Daí que, enfatizou o presidente da comissão executiva da Sonangol, a redução de custos seja “muito importante”, tendo em conta que, sem isso, “qualquer projeto em Angola, neste momento, não terá sucesso”.
“Necessariamente, os custos de produção terão que ser reduzidos para permitir novos projetos”, sustentou Paulino Jerónimo, afastando “de princípio” a necessidade de revisão dos contratos de partilha de produção com as operadoras.