Foi a partir de uma ideia da SOGRAPE que surgiu um projeto para valorização dos produtos resultantes da vinha: “MAVVIPOR” é o nome desta iniciativa que pretende analisar e abrir caminho para o tratamento deste tipo de resíduos da atividade vinícola.
À Ambiente Magazine, o diretor de I&D da SOGRAPE, António Graça, indica que o projeto foi desenvolvido pela mestranda em Engenharia Alimentar Joana Vieira, da Universidade Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica. Com o apoio da empresa vitivinícola, a investigadora “considerou toda a área de vinha existente em Portugal”, além das vias de comunicação existentes, para conseguir “determinar qual sítio no território nacional seria mais eficiente para localizar uma indústria de valorização da madeira de poda”. A análise indicou que a Covilhã seria o local ideal para este tipo empreendimento, visto ser o “mais equidistante da área de vinha no território continental e, por isso mesmo, passível, do ponto de vista logístico, de acolher a implementação de um negócio com estas características”.
De caráter pioneiro, o “MAVVIPOR” permite assim abrir caminho para o reaproveitamento dos vários materiais para, por exemplo, “a produção de biocombustível, energia de biomassa ou biochar”, contrariando o que é feito atualmente: “É um resíduo muito pouco valorizado, sendo queimado, com produção de dióxido de carbono, ou enterrado, com produção de óxido nitroso, igualmente um gás com efeito de estufa”. António Graça enaltece que será possível “iniciar estudos sobre a viabilidade económica” destes subprodutos, avaliando a sua introdução numa lógica de economia circular. “O pleno aproveitamento dos recursos naturais é cada vez mais uma tendência que permite obter resultados proveitosos em prol do ambiente, mas também a nível económico”, indica o responsável, acrescentando que este tipo de indústria permitirá “contribuir para um melhor desempenho ambiental do setor vitivinícola nacional e para os objetivos de desenvolvimento sustentável a nível nacional, da União Europeia e das Nações Unidas”.
A defesa da dissertação de Mestrado de Joana Vieira deverá acontecer dentro de algumas semanas e António Graça aproveita para sublinhar o caráter abrangente desta investigação que também pode ser aplicada a outros subprodutos vitícolas ou mesmo a outros países. “É inclusivamente defensável a extensão desta análise ao universo ibérico, como forma de obtenção de massa crítica para rentabilizar a exploração industrial dos subprodutos vitícolas”, acrescenta o responsável.
Com “cerca de 900 hectares de vinha em Portugal”, a SOGRAPE foi fundamental para a investigação de Joana Vieira. “A empresa foi a proponente do tema e acompanhou todo o projeto, desde o fornecimento de dados até à orientação do trabalho e respetiva dissertação”, indica António Graça, acrescentando que a empresa “tem uma aposta estratégica em práticas sustentáveis”. A porta fica aberta para um futuro investimento da empresa nesta área: “A SOGRAPE poderá vir a participar no capital de uma startup que instale uma indústria própria para esta valorização”.