Joana Pereira, estudante de doutoramento no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), foi distinguida pela National Geographic com uma Bolsa Early Career para estudar formas de minimizar conflitos entre as comunidades e a vida selvagem em Moçambique. De acordo com o comunicado enviado pela FCUL, a estudante vai avaliar a “escala de conflitos existentes entre as espécies de grandes mamíferos e as comunidades locais” que vivem no Parque Nacional das Quirimbas, em Moçambique, com o objetivo de “compreender os contextos sociais e biológicos destes conflitos e definir estratégias de mitigação e gestão para melhorar a coexistência entre vida selvagem e populações”.
A estudante do Programa Doutoral em Biologia e Ecologia das Alterações Globais, uma parceria entre a Universidade de Lisboa e a Universidade de Aveiro explica que o “meu projeto é sobre as pessoas e a sua interação com a vida selvagem. Quero abordar as suas necessidades de forma a melhorar tanto o seu bem-estar como a sua coexistência com a vida selvagem – algo que é vantajoso para ambos os lados”.
Em agosto de 2019 Joana Pereira parte para Moçambique, onde vai passar dois meses no país a trabalhar diretamente com as principais partes interessadas que podem desempenhar um papel relevante nos conflitos, através da dinamização de inquéritos, reuniões participativas e workshops. Ao mesmo tempo, a investigadora vai recolher informações sobre a distribuição e abundância de espécies na região, recorrendo a registos de câmaras fotográficas (camera-trapping) já instaladas no Parque.
Este projeto vai permitir a Joana Pereira desenvolver o plano de trabalhos do seu doutoramento, que iniciou este ano inserida no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. “Face ao crescimento exponencial da população humana, é urgente encontrar formas sustentáveis de conviver com a vida selvagem, e estes conflitos, cujo número está a aumentar um pouco por todo o mundo, são resultado desta rápida expansão humana. Além disso, a complexidade dos conflitos entre as populações humanas e a vida selvagem tem sido negligenciada: temo-nos concentrado nas perdas materiais e monetárias, e falta-nos abordar questões subjacentes muito mais profundas. Compreender como podemos usar o contexto ecológico, socio-económico, político, religioso, cultural e histórico pode ser a chave para abordar de forma eficiente esta questão”, conclui Joana Pereira.
Da equipa faz parte o investigador Luís Miguel Rosalino (cE3c-FCUL), seu orientador de doutoramento, bem como os investigadores Seth Wilson (Universidade de Montana, Estados Unidos) e Carlos Fonseca (Universidade de Aveiro). Em Moçambique, Joana Pereira vai contar com o apoio do investigador Serafino Mucova da Universidade de Lúrio.
O projeto é financiado pela Sociedade National Geographic e decorre até 2020, altura em que a investigadora regressa a Moçambique para seleccionar e implementar, em conjunto com as comunidades locais, algumas medidas de mitigação para diminuir os conflitos atuais. As Bolsas Early Career da National Geographic têm como objetivo dar a estudantes em início de carreira a oportunidade de liderar um projeto nas áreas de conservação, educação, investigação, storytelling ou tecnologia, não sendo necessário que os candidatos tenham uma formação avançada.