“Só existe turismo sustentável se a economia que receber o turista tiver um conjunto de boas práticas”

No dia em que se comemora o recurso Água, a Ambiente Magazine partilha a pequena entrevista que a Ambitur Talks fez a  Sofia Santos, CEO da Systemic, à margem da Conferência “Smart and Green Tourism“, realizada na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa.

Partindo do pressuposto que a “energia”, a “água” e os “resíduos” são das três áreas onde os impactos no planeta são maiores, Sofia Santos considera que empresários e sociedade no geral deve saber analisar cada consumo para, de seguida, minimizar cada um. Ao nível da energia, “optar por formas de autoprodução e, assim, gastar menos energia e aumentar o conforto”, ou na mobilidade, “a capacidade de ter uma oferta neutra em carbono”, exemplifica. Também na água, a responsável defende que a prática de “utilização de água pluvial” ou mensagens de sensibilização com “dicas para poupar” o recurso devem ser “alertas” que o setor pode transmitir constantemente ao turista. Na área dos resíduos, a CEO da Systemic dá como exemplo, a prevalência de “alimentação local”, pois implica “menos viagens” associadas, bem como “fortalece a economia local”. Todos estes exemplos, segundo a empresária, encaixam-se perfeitamente no turismo, por se tratar de um setor  “atrativo” e que pode melhorar, de forma positiva, a “experiência” de quem visita o país, a região ou o espaço.

Desta forma, caminhar no sentido de um turismo sustentável implica pensar numa série de condicionantes, desde logo, no “tipo de edifícios que recebem os turistas”, como os “hotéis”, na “forma como o circuito do turista pode ser neutro em carbono” ou no “tipo de comida (importada ou exportada) que escolhe”: “Hoje em dia, falar de turismo sustentável acaba por extravasar a essência do turismo”. Isto significa que “só existe turismo sustentável se a economia que receber o turista tiver um conjunto de boas práticas”: “Falar de turismo sustentável é falar de países e regiões que têm de ser sustentáveis”.

Sendo que, em Portugal, o “edificado” e a “mobilidade” são das áreas que mais emitem CO2 para a atmosfera, Sofia Santos defende, por exemplo, que o edifício que acolhe determinado turista deve oferecer as melhores práticas, no sentido em que, garanta que o impacto no ambiente é negativo ou quase nulo.

Do lado da sociedade, a CEO da Systemic acredita que a solução passaria por cada cidadão conseguir baixar a sua pegada ambiental: “Não há dúvida que tudo isto começa na pessoa e, enquanto turista, na forma como escolho o tipo de local ou o tipo de experiência que procuro”. Na prática, trata-se de uma “preocupação ambiental associada ao local”, ou seja “é  procurar ofertas que façam com que o meu bem-estar também seja partilhado com o bem-estar da região ou país e, ao mesmo tempo, pensar como posso deixar um impacto positivo e diminuir o impacto negativo”, clarifica.

Sofia Santos foi oradora na Conferência “Smart and Green Tourism”, promovida pela Ambitur, juntamente com a Fundação AIP, no passado dia 17 de março, quinta-feira, na BTL. A Ambitur Talks é uma iniciativa promovida pela Ambitur, onde são entrevistados vários “players” de diversas áreas de negócio.