“Só a ciência permite afirmar que ambiente e economia são afinal convergentes”, assegura ministro
“A ciência que faz o amanhã e que transforma a economia” é o exemplo demonstrativo de que a economia tem que crescer para gerar bem-estar aos 10 mil milhões de habitantes que vão existir na terra em 2050: “E dizemos que tem que crescer, regenerando recursos e sendo neutra do ponto de vista das emissões”. Este foi o ponto de partida para João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, destacar que na relação entre a ciência e aquilo que são as matérias da sustentabilidade, as palavras “ambiente” e “economia” estão verdadeiramente na face da mesma moeda: “E só a ciência permite afirmar que ambiente e economia são afinal convergentes”, declara.
Esta é uma garantia que é demonstrada a várias escalas. Por exemplo, à escala territorial, com a “utilização de tecnologias espaciais”, nomeadamente, os “satélites europeus de observação da terra” que, segundo o ministro do Ambiente, permitem cada vez mais que “possamos ter um desenhar e um cartografar do território mais robusto e sofisticados capaz de se atualizar a cada momento, mormente em situações como a cartografia da perigosidade e do risco de incêndio”, como também “projetos muito concretos e já em desenvolvimento com a charneira no saber, na ciência e na tecnologia”. Ou também, a “cartografia do risco de cheias ou de incêndios” a “cartografia de estrutura de vegetação” e de “quantificação da biomassas que existe nos territórios”, dando a possibilidade de se ser mais “efetivo” na prevenção e no combate aos incêndios, afinca. E além do território, o chefe da pasta do Ambiente destaca que há muitas outras matérias que se podem somar, como sejam todas as “atividade de previsão e inspeção do território em domínio vários”, que vão desde as “áreas protegidas” até às “pedreiras”, e onde todas as “ciências ligadas aos espaços e aos satélites” têm o contributo da maior importância: “Efetivamente, a ciência marcou a evolução da humanidade em matérias e momentos muito distintos com aquilo que foi criando, descobrindo e interpretando”. Ainda assim, nunca a ciência foi tão relevante ao conseguir mostrar ao mesmo tempo e quase no mundo inteiro aquilo que é o impacto que a atividade humana tem nas alterações climáticas e na mudança das condições da terra: “Da minha experiência, nunca a ciência foi tão importante a determinar a necessidade de uma mudança completa do modelo social e económico do planeta, sendo isso a prova da nossa interferência naquilo que são as alterações climáticas e o aquecimento do planeta”. Aqui, a ciência ascendeu a um patamar que “não passa por resolver o problema A, B ou C” ou “ter uma inovação e uma descoberta” para satisfazer as necessidade de alguns: “É mesmo a construção de uma verdade científica que, neste momento, deve pautar todas as decisões que são tomadas, desde os compromissos do Estado até ao comportamento de cada um de nós”. Por isso, é a ciência que obriga à “grande mudança à escala global” que, hoje, é “entendida por um número enorme de pessoas” e “num tempo reduzido”, vinca.
Mesmo com a ciência e a tecnologia a serem fundamentais naquilo tem sido a “transformação dos hábitos de produção” e no “avanço para tecnologias mais limpas”, Matos Fernandes sabe que em matérias de “alteração de comportamentos” (a ciência) não é suficiente. Por isso, são dois os níveis onde a ciência é essencial: “Encontrar técnicas, formas e processos de forma diferentes; e na sua banalização e no ganhar escala que permita termos soluções baratas e encontrar os nossos objetivos”. Nesse sentido, a ciência já se pode “gabar” daquilo que tem feito e do que já conseguiu, como por exemplo, “ter conduzido toda uma organização com compromissos” entre os Estados de todo o mundo para limitar o aquecimento do planeta: “É ela mesmo, a ciência, quem acompanhada pela consciência que o conjunto dos cidadãos tem que ter, que vai mesmo encontrar as formas de podermos perceber que ambiente e economia estão do mesmo lado da face da moeda”, remata.
O ministro do Ambiente falou, esta terça-feira, 20 de junho, em Lisboa, no encerramento da Sessão Plenária 4 – “A Ciência e os novos desafios de interação espaço Clima: da observação da Terra ao clima espacial”, incluída no programa do encontro Ciência 2021.
No encontro, foi assinado o Contrato de Concessão de Incentivos pelo Fundo de Apoio à Inovação (FAI) e pelo Fundo de Eficiência Energética (FEE), enquanto entidades financiadoras, com os promotores do projeto “Sustainable HPC”, o INESC TEC (Instituto de Engenharia de Sistemas de Computadores, Tecnologia e Ciência) e o INEGI (Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial). O Fundo de Apoio à Inovação e o Fundo de Eficiência Energética, tutelados pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática, vão financiar o projeto “Sustainable HPC” até 7,3 milhões de euros. O projeto permitirá uma poupança de 641 tep/ano de energia primária e uma diminuição de emissões de dióxido de carbono de 1 073ton/ano.
O encontro “Ciência 2021: Encontro Nacional com a Ciência e a Tecnologia” é promovido pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia em colaboração com o Ciência Viva e com a Comissão Parlamentar de Educação, Ciência, Juventude e Desporto.