O Estabelecimento Prisional de Sintra é um dos grandes produtores de restos alimentares que integra o circuito exclusivo com recolha dedicada de biorresíduos, implementado pelos SMAS de Sintra. Este circuito exclusivo destina-se a empresas de maior dimensão, estabelecimentos de ensino, entidades públicas, mercados municipais e IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social), sendo utilizada uma viatura específica, que representou um investimento de cerca de 250 mil euros.
Para as instituições que integram o circuito exclusivo com recolha dedicada, os SMAS de Sintra cedem contentorização de cor castanha, com capacidade que varia dos 120 aos 660 litros, consoante a produção de biorresíduos. No caso do estabelecimento prisional, foram disponibilizados oito contentores de 660 litros, para o exterior, e dois equipamentos de 120 litros, para a zona da cozinha, com a recolha a ser efetuada, nesta fase inicial, às segundas, quartas e sextas-feiras.
Com uma população na ordem dos 650 reclusos, a que se juntam cerca de 180 funcionários, divididos pela zona administrativa, equipa de vigilância e área da saúde, o estabelecimento prisional de Sintra produz cerca de 576 toneladas de resíduos orgânicos por ano e, até à parceria com os SMAS, não dispunha de qualquer mecanismo de separação seletiva dos restos alimentares. Com esta parceria, os resíduos orgânicos produzidos na cozinha do estabelecimento, na confecção das refeições, assim como os resultantes do desperdício alimentar, são encaminhados para valorização, para a produção de composto para a agricultura ou de energia.
Para o diretor do Estabelecimento Prisional de Sintra, João Couto Guimas, “esta parceria permitiu olhar para os resíduos através de uma ótica de valorização, assente numa dinâmica de Economia Circular, dotando, ainda, de conhecimento a população reclusa sobre as questões ambientais. Sendo uma problemática diária a gestão dos resíduos alimentares, a parceria entre o EPS e os SMAS de Sintra permitiu alterar comportamentos e atitudes perante o desperdício alimentar, com um reconhecimento social da importância de projetos potenciadores do desenvolvimento sustentável”.
“Numa ocasião em que se prepara o lançamento de um plano de ação para acelerar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, através desta colaboração entre o EPS e os SMAS de Sintra, relativa à separação seletiva de resíduos, mostramos que os estabelecimentos prisionais podem ser um campo experimental para novas políticas públicas, onde é possível criar espaços de transformação e capacitação, tendo em vista a reinserção social e uma melhor cidadania”, realçou ainda o diretor do EPS.
Para reforçar esta parceria, os SMAS de Sintra promoveram, junto da população reclusa, em particular a que desempenha funções na cozinha, uma ação de sensibilização sobre a recolha seletiva de restos alimentares, que contou com a presença do diretor delegado, Carlos Vieira, e da técnica do Departamento de Resíduos, Catarina Nunes.
Segundo Carlos Vieira, “os SMAS de Sintra continuam na linha da frente da recolha de biorresíduos e, após o setor doméstico em que já mobilizámos cerca de 50 mil pessoas, estamos a avançar com o processo junto dos grandes produtores de restos alimentares, como é o caso do EPS, mas também do Estabelecimento Prisional da Carregueira, para além de outras entidades públicas, grandes empresas e instituições sociais. A curto prazo, vamos expandir este sistema aos estabelecimentos de ensino, aumentando a periodicidade do circuito de recolha, assegurando que 40% do lixo comum seja valorizado e desviado do encaminhamento para aterro”.
“Os benefícios ambientais que resultam da valorização dos biorresíduos são evidentes, com a produção de um composto orgânico de qualidade para a fertilização de solos agrícolas, para além da produção de energia elétrica a partir de biogás, num processo que contribui, também, para dar uma nova vida ao chamado desperdício alimentar”, frisou também Carlos Vieira.
Os SMAS de Sintra estão apostados ainda em fomentar a adesão dos funcionários do estabelecimento prisional ao Sistema de Recolha Seletiva de Biorresíduos, assim como criar condições para a adesão por parte dos agregados familiares dos reclusos com residência no concelho de Sintra, beneficiando, assim, do desconto concedido aos clientes do setor doméstico de 1€ na fatura dos serviços de água e resíduos.