A sustentabilidade e o turismo estiveram em debate na 3ª edição da Conferência Smart and Green Tourism, uma iniciativa da Ambiente Magazine e da Ambitur, em parceria com a Fundação AIP, que teve lugar no dia 1 de março, no âmbito da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).
Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, presidiu à sessão de abertura do evento, e fez questão de sublinhar que “hoje a sustentabilidade não é moda, é verdadeiramente estrutural”, assim como “um imperativo de negócio”. Ou seja, segundo o responsável, “criar valor sem sustentabilidade é uma equação que não existe” pois é algo que está “intrínseco ao processo de criação de valor”, e que se aplica quer se esteja a falar de empresas ou de territórios.
Carlos Abade não duvida que este é um processo incontornável, que só pode ser feito de duas formas: individualmente, e “vai custar muito mais”, ou “em conjunto, e vamos conseguir ser mais fortes e profundos na transformação que vamos conseguir fazer”.
O orador chamou a atenção para a importância das temáticas escolhidas nesta terceira edição da Smart and Green Tourism, desde logo no primeiro painel, com a hotelaria em destaque, onde aponta que “as empresas têm de estar, neste momento, alinhadas com esta dimensão da sustentabilidade”.
Já no segundo painel da conferência, a temática abordada foi a mobilidade e aqui o presidente do Turismo de Portugal não tem dúvidas de que hoje um dos grandes desafios do setor é “incrementar a gestão inteligente das cidades e dos territórios”, algo que considera crítico para que “o turismo continue a crescer de forma inteligente, em valor”. Carlos Abade indica que é fundamental discutir como “promovemos dentro dos territórios uma mobilidade que seja cada vez mais sustentável”. E explica que se o objetivo é que o turismo seja reforçado em todo o território, ao longo de todo o ano, “é evidente que a mobilidade tem de ser incrementada em todo o território, e tem que ser cada vez mais sustentável”.
O orador aproveitou ainda a ocasião para afirmar que 2023 foi um ano particularmente bom para o turismo em Portugal. Sabe-se que foram atingidos mais de 77 milhões de dormidas em todo o país, com 30 milhões de hóspedes e mais de 25 mil milhões de euros de receitas turísticas. Recordando que, em 2021, altura em que o país ainda estava no meio da pandemia, tinham sido apontados 27 mil milhões de euros de receita como objetivo a atingir em 2027, o presidente do Turismo de Portugal frisa que com “os números de 2023 ficamos a cerca de 7,6% de atingir já este ano aquilo que era o objetivo definido para 2027”. Mas salienta que tal não se deve ao facto de a ambição ter sido pequena, lembrando que a nível mundial, em 2023, os números do turismo ficaram a cerca de 90% daquilo que eram os números de 2019, ou seja, “Portugal está claramente acima da média de crescimento mundial”.
E para o responsável “isso é motivo de orgulho” mas sobretudo “uma responsabilidade que recai sobre o setor”. Porque se é verdade que o setor se afirma cada vez mais como “o grande motor de crescimento da economia nacional”, uma dimensão à qual o turismo já está habituado, também é verdade que tal “obriga-nos a olhar para o futuro sempre com uma atenção redobrada”, alerta Carlos Abade.
O orador apontou ainda as estimativas rápidas relativas a janeiro de 2024, onde se verifica que os números foram mantidos em relação a igual mês de 2023, mas com um pequeno acréscimo do número de hóspedes (+2,8%) e do valor daas receitas turísticas )+12%).
O que significa que o crescimento continua a ser uma realidade mas o presidente do Turismo de Portugal salienta que é fundamental “olhar para o futuro” no sentido de percebermos “o que podemos fazer e continuar a fazer de diferente”. Se, por um lado, diz, “temos feito todos um bom trabalho, e os números dizem-no”, por outro lado, “daqui para a frente temos de fazer mais e melhor”. O que significa, sublinha, “olhar os desafios que temos pela frente e lidar com eles da forma mais inteligente possível”.
Por Inês Gromicho, fotos @Raquel Wise.