No âmbito do 30.º aniversário, a ANIPLA – Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas deu a conhecer publicamente a “Smart Farm Virtual”, uma plataforma digital que permite aos visitantes realizar visitas online e que nasceu com o objetivo de se tornar uma extensão do trabalho que é desenvolvido diariamente na Smart Farm, a Quinta Inteligente da ANIPLA.
Em entrevista à Ambiente Magazine, João Cardoso, diretor-executivo da ANIPLA, recorda que a Smart Farm, situada na Companhia das Lezírias, surgiu em 2016, com o propósito de apoiar a formação de profissionais agrícolas em Portugal e de ser um local que reúne as mais recentes inovações da tecnologia e da ciência ao serviço da agricultura: “É um espaço pensado para a demonstração e a aprendizagem prática da implementação das boas práticas agrícolas”.
O objetivo deste novo projeto passa, precisamente, por facilitar o acesso a informações sobre a forma sustentável como se pratica agricultura em Portugal, permitindo que, a partir de um dispositivo móvel ou computador e a qualquer distância, qualquer profissional ou curioso sobre os temas da agricultura possa saber mais sobre tudo o que acontece fisicamente na Smart Farm, desde os “projetos de promoção e preservação da biodiversidade, procedimentos associados à gestão e uso de produtos fitofarmacêuticos, principais cuidados na gestão de embalagens, processos de pulverização, gestão de efluentes” até às “inovações relacionadas com práticas agrícolas e agricultura digital e de precisão”.
Destinada a todos os profissionais do setor e a toda a sociedade, a plataforma tem um “retrato da agricultura moderna de referência que já se pratica em Portugal e na Europa”, bem como “conhecer as últimas inovações e desenvolvimentos”, explica o responsável, acrescentando que tudo se materializa através de um “sistema de Navegação Interativa”, combinado com “realidade virtual”, funcionando como um “espelho” de tudo o que se pode encontrar fisicamente na Smart Farm. No fundo, “dá a oportunidade a todos de, a qualquer momento e a partir de qualquer lugar, encontrar a mesma informação, com um elevado nível de detalhe, que encontrariam fisicamente no nosso espaço”, refere João Cardoso, destacando que o objetivo é que “a experiência digital se assemelhe, em tudo, à visita física”.
Ao ser uma “montra de boas práticas de referência para uma agricultura sustentável”, a Smart Farm Virtual vai permitir “ampliar o acesso do público e profissionais à informação”, contribuindo para uma maior disseminação destas boas práticas, sendo este um dos principais objetivos da plataforma: “Chegar a mais pessoas, partilhar mais informação, garantindo que a inovação e desenvolvimento chegam a todos”, sustenta.
Encarar a tecnologia e inovação como “motor” para uma agricultura mais verde e amiga do ambiente
Ao nível de projetos previstos, João Cardoso refere que os principais projetos implementados fazem parte do património da ANIPLA: “O Cultivar a Segurança, que promove a utilização segura e sustentável dos produtos fitofarmacêuticos; o Valorfito, que assegura que todas as embalagens de produtos fitofarmacêuticos têm um fim adequado; o TOPPS Water Protection, que tem um alargado portfolio de boas práticas para a proteção da água e do solo cientificamente validadas; e ainda novos projetos ligados à proteção e promoção da biodiversidade e também à agricultura digital e de precisão”, clarifica.
Com o lançamento deste projeto, a expectativa é que se possa impactar milhares de agricultores e profissionais do setor: “Em cinco anos, a Smart Farm física acolheu cerca de 1200 visitantes, pelo que a sua versão digital, pela sua natureza, tem potencial para ter um alcance bastante superior. A crescente procura dos profissionais por materiais relacionados com agricultura sustentável, por ser um setor que está em constante evolução, e também pelo público em geral, que, cada vez mais, procura saber como se cultivam os seus alimentos, vai ter resposta nesta nova plataforma digital”.
Encarar a tecnologia e inovação como “motor” para uma agricultura mais verde e amiga do ambiente é uma das premissas da ANIPLA há já largos anos: “Acreditamos profundamente que o tema da tecnologia e inovação, associado à produção de alimentos e no caminho por uma agricultura (ainda mais) sustentável, não é mais uma conversa do futuro, mas sim um debate do presente, pelo que permitir que a tecnologia seja um recurso disponível para todos é estar num caminho que assegura a proteção do planeta”. Apesar de reconhecer que se tratam de “termos complexos”, o diretor-executivo da ANIPLA considera que a “agricultura digital e de precisão”, os “biopesticidas” ou a “biotecnologia” são absolutamente imprescindíveis para tornar a prática agrícola mais sustentável, aumentando a produção e protegendo a terra: “Por isso, sim, combater o aquecimento global, a escassez de água, o aparecimento de pragas e doenças nas culturas ou o desperdício alimentar é falar de ter, ao lado da produção, as mais avançadas técnicas, só possíveis graças aos avanços e inovações tecnológicas e, com isso, trabalhar com uma agricultura que protege o ambiente e o nosso planeta”, remata.