Sismo e Senegal são os primeiros linces-ibéricos libertados na região do Algarve
A primeira solta de linces-ibéricos a ter lugar no Algarve decorreu esta quinta-feira, pelas 15h00, em Alcoutim. Foram reintroduzidos na natureza dois exemplares, Sismo e Senegal, macho e fêmea, respetivamente, nascidos no Centro de Reprodução em Cativeiro de El Acebuche (Andaluzia), lê-se numa nota divulgada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Sete anos após o início do processo de reintrodução, são agora referenciados cerca de 200 exemplares distribuídos por um vasto território que se estende entre os concelhos de Serpa e de Tavira. Um dos aspetos mais relevantes de 2021 foi a “consolidação da população em território algarvio”, que já contava com cerca de 20 exemplares e que agora soma mais dois: Sismo e Senegal. Durante o ano passado, registou-se ainda a ocorrência de nove nascimentos na região do Algarve, existindo ainda um amplo território que poderá vir a ser ocupado pela espécie, lê-se num comunicado.
Para esta situação tem contribuído a colaboração de proprietários e de gestores de herdades e de zonas de caça, uma gestão sustentável do território, a abundância de coelho-bravo, uma atitude favorável evidenciada pela população local à presença do lince e a conectividade da população de linces do Vale do Guadiana com as presentes noutras áreas de Espanha, fundamental para o incremento da variabilidade genética.
A área de reintrodução em Portugal, foi selecionada em 2014, no âmbito do projeto LIFE Iberlince. A área do Vale do Guadiana compreende territórios dos concelhos de Mértola, Serpa e zonas adjacentes, para onde os linces se dispersaram naturalmente, situadas nos concelhos de Alcoutim, Castro Verde e Beja. Estas áreas estão agora a ser consolidadas, ampliadas e interligadas no âmbito do projeto LIFE Lynxconnect, liderado pela CAGPyDS da Junta de Andaluzia, iniciado em setembro de 2020 e que, em Portugal, congrega como parceiros, para além do ICNF, a CIMBAL e a Infraestruturas de Portugal, IP.
A reintrodução é um processo a médio longo prazo que tem como objetivo “estabelecer uma população viável e que mantenha um fluxo genético regular com outras populações de lince”, restabelecendo a situação favorável à espécie, refere a nota.