“Colocar Portugal no centro da rede global e transatlântica de dados”. Este é o grande objetivo do projeto Sines 4.0©, um dos maiores ecossistemas de centro de dados com energia 100% verde a preços competitivo. Numa localização europeia premium, Sines é a porta de entrada perfeita para Europa e para mundo.
Numa entrevista exclusiva à Ambiente Magazine, a Start Campus, empresa de capitais anglo-americanos e responsável pelo projeto, assegura que o grande objetivo deste “mega Data Centre” é criar um dos melhores ecossistemas sustentáveis de centro de dados da Europa e do Mundo: “Pretendemos que o Sines 4.0© tenha uma pegada de carbono líquida zero, garantindo preços de energia competitivos a nível global, segurança, estabilidade e compliance em segurança de dados”.
Para já, incluído neste projeto, está prevista a construção de “cinco modernos edifícios com capacidade de fornecimento de 450 MW de energia aos servidores”, com 90 MW cada: “O Sines 4.0© ficará localizado nos terrenos contíguos à recentemente encerrada Central Termoelétrica a Carvão de Sines e beneficiará de todas as vantagens estratégicas deste local como sistemas de refrigeração com água do mar, acesso à rede elétrica de alta tensão, conectividade através da ligação a cabos de fibra ótica internacionais de alta capacidade com a América do Norte, África e América do Sul e utilização potencial de energia 100% verde e ambientalmente sustentável, com indicadores de consumo de água e criando PUE (Power Usage Effectiveness) altamente eficientes”.
De acordo com Start Campus, detida pelos norte-americanos da Davidson Kempner Capital Management LP (Davidson Kempner) e pelos britânicos da Pioneer Point Partners, 2021 será o ano em que projeto vai arrancar, prevendo-se que “900 pessoas estejam envolvidas na primeira fase” da construção: “Mas, durante a construção a força de trabalho poderá chegar a 2.700 pessoas”. Para já, a previsão é de que o primeiro edifício seja inaugurado no final de 2023, adiantam.
Num investimento de 3,5 mil milhões de euros, o Sines 4.0© será abastecido pela “indústria de energia renovável do país” e, desta forma, apoiando a “política de expansão de fontes de energia renováveis” em Portugal. Por outro lado, dada a elevada interconectividade que o Sines 4.0© vai trazer ao país, a Start Campus está confiante de que este projeto vai “melhorar significativamente o ecossistema digital e tecnológico” de Portugal.
[blockquote style=”2″]Portugal não estava no radar da expansão dos Hyperscalers[/blockquote]
Relativamente a outros contributos ambientas, o Sines 4.0© será ambientalmente neutro desde o início: “Esta é uma questão cada vez mais crítica em projetos desta magnitude, sobretudo porque permite aos nossos clientes, os Hyperscaler, atingir os seus objetivos de sustentabilidade mais cedo”, declara. Além disso, a Start Campus está, igualmente, a trabalhar com o município de Sines, a CCDR e a APA na “definição de metas ambientais” para este projeto.
Para além dos “claros” benefícios ambientais, a entidade responsável pelo “mega Data Centre” acredita que, através deste projeto, será possível colocar Portugal no “centro das comunicações e dados a nível internacional”, atraindo, assim, “talento, inovação, investimento, know-how, indústria, entre outros”.
Questionados sobre as necessidades de se apostar num projeto desta dimensão, a Start Campus confirma a “enorme procura” de centros de dados por parte dos Hyperscalers: “O mercado internacional está em rápido desenvolvimento e este momento de pandemia veio acelerar, e até confirmar, tendências como o teletrabalho, consumo de serviços streaming, cloud computing, social media, entre outros, e Portugal não estava no radar da expansão deste mercado”. Mas, asseguram, este centro “não vem competir com outros centros já existentes em Portugal”, uma vez que estes estão dedicados a outros segmentos do mercado digital: “O Sines 4.0© está focado em Hyperscalers, ou seja, grandes empresas internacionais de tecnologia fornecedoras de serviços de streaming, social media, eCommerce, gaming, educação online, videoconferência, cloud computing e outros de processamento e armazenagem de dados e de aplicações empresariais que necessitam de centros de dados desta escala para satisfazer a procura dos seus serviços a nível continental”. Nesta medida, “iremos competir com os megacentros de dados existentes no Norte da Europa, oferecendo condições muito mais vantajosas a estes grandes Hyperscalers”, asseguram
E o porquê Sines? Para a Start Campus, a cidade possui pelo menos “cinco grandes vantagens” que a tornam “única e com potencial para se tornar num dos campus de Data Centres líderes da Europa”. Assim, o projeto integra fatores críticos de sucesso como é o caso da “energia de baixo custo a partir de fontes renováveis”, através de “muito boa conectividade com a rede elétrica nacional e com fácil acesso a energia verde competitiva”, incluindo solar, eólica e (no futuro) de hidrogénio. Depois, “escala com opções de terrenos e com potencial de expansão significativa para mais de 450MW”, destacam, sublinhando também a “conectividade através dos cabos submarinos intercontinentais atualmente em construção e excelente conectividade com o interior do continente europeu”. Ainda dentro das vantagens, está o “arrefecimento a preço competitivo, altamente eficiente e sustentável através de instalações de refrigeração de água existentes para usar a água do oceano”, que irão manter os “servidores em temperaturas ideais e com potencial de reutilização do calor residual” do Sines 4.0© para clientes industriais vizinhos, refere. Por fim, a “topografia marinha única da plataforma continental em Sines torna-a também numa excelente localização com segurança e a baixo custo para a futura amarração de novos cabos submarinos”, sucintam.
Tudo isto faz de Sines um “local ideal” que projeta Portugal na “próxima etapa do tráfego internacional de dados e de data centres”, concluem.