No novo relatório “Siemens Infrastructure Transition Monitor 2023: The Great Divide on the Path to Net Zero“, a empresa divulgou conclusões importantes sobre a transição das infraestruturas. Os dados do relatório revelam que é bastante limitado o alinhamento entre as prioridades e a melhor forma de progredir em direção a um mundo descarbonizado e eficiente em termos de consumo de recursos.
Embora mais de metade das pessoas inquiridas acredite que, na sua região, a transição das infraestruturas está a ganhar velocidade, um quarto dos participantes afirmou que o progresso é “demasiado lento”, ao passo que 31% acham que está “dentro do prazo”.
O objetivo do estudo era avaliar o atual estado da transição das infraestruturas, incluindo desenvolvimentos nos sistemas, serviços, edifícios e estruturas necessários para que as indústrias, cidades e países funcionem eficazmente. Os dados foram recolhidos através dum inquérito internacional feito a 1.400 gestores seniores de 22 países, incluindo Portugal, bem como de uma série de entrevistas abrangentes a líderes e especialistas.
Os princípios orientadores subjacentes ao estudo, descrito no relatório, incluem a necessidade de a transição das infraestruturas ter um impacto positivo para além da descarbonização. Destacam ainda que uma integração mais inteligente das infraestruturas é mandatória para que se consiga alcançar as mudanças necessárias. E, por último, que é necessário agir com urgência e à máxima velocidade para impedir consequências desastrosas para o mundo.
Matthias Rebellius, membro do Conselho de Administração da Siemens AG e CEO da Smart Infrastructure, afirmou: “A transição das infraestruturas está a acelerar, aumentando a pressão em sistemas no mundo inteiro – da energia, à mobilidade e aos edifícios. Fazer evoluir as infraestruturas a nível mundial é da maior importância para promover avanços rumo à descarbonização, à eficiência dos recursos e ao bem-estar social. A tecnologia e a digitalização são instrumentais para alcançar esta transição de uma forma inteligente e sustentável. Na Siemens já demos os primeiros passos, desenvolvendo produtos, sistemas, soluções e serviços inovadores para responder aos desafios atuais e futuros da urbanização e das alterações climáticas.”
Este ano, apenas 40% das organizações esperam atingir os objetivos de descarbonização
As empresas estão sob pressão para descarbonizar os seus modelos de negócio, ativos e infraestruturas. De acordo com o relatório, quase metade tem objetivos para as emissões de âmbito 1 e 2 (47%). Apenas 40% pensam que é provável que cumpram os seus objetivos para o próximo ano e somente 44% esperam cumprir os seus objetivos para 2030. Outra área chave para as empresas são os seus edifícios. Apenas 37% dos inquiridos classificaram a sua organização como sendo madura ou estando avançada na melhoria da eficiência energética das instalações e edifícios, e somente 30% referiram o mesmo no que se refere à eletrificação e/ou descarbonização dos sistemas de aquecimento e ar condicionado.
A mudança não está a ser suficientemente rápida a nível regional
Ainda que a transição das infraestruturas tenha ganho velocidade, é preciso que os progressos sejam mais rápidos a nível regional (país) para alcançar um mundo com baixas emissões de carbono. A energia é uma prioridade, dado que quase três quartos das emissões globais de gases com efeito de estufa têm origem na produção, transporte e utilização da energia. De acordo com o relatório, menos de 10% dos inquiridos consideram que a sua região (ou país) está “avançada, totalmente integrada e à escala”, no que se refere aos principais objetivos energéticos da transição. De acordo com a consultora McKinsey, para descarbonizar o sistema energético mundial seriam necessários cerca de 275 triliões de dólares para fazer mudanças profundas na produção, distribuição e consumo de energia elétrica. As autoridades reguladoras são vistas como tendo a maior responsabilidade nesta matéria (de acordo com 31% dos inquiridos), seguidas de perto pelos proprietários finais dos ativos, ou seja, os investidores e acionistas (25%). Considerou-se que também cabe alguma responsabilidade a empresas (17%), políticos (13%) e cidadãos (13%), mas significativamente menos.
“A descarbonização tem de ser o grande objetivo dos países e empresas, devendo a Europa manter uma posição de liderança global no processo de transição energética. Contudo, menos de metade dos executivos inquiridos acredita que o seu país tem uma estratégia eficaz de descarbonização. E isto é algo que urge mudar” disse Fernando Silva, CEO da Siemens Portugal, acrescentando que “acreditamos que Portugal pode ter um papel central a nível europeu e, ao longo dos últimos anos, temos desenvolvido diversos projetos que contribuem para a descarbonização e digitalização das infraestruturas portuguesas, em áreas como os edifícios inteligentes, a mobilidade elétrica, os sistemas distribuídos de energia, a otimização da rede elétrica e a modernização das indústrias. E assim continuaremos a fazer, contribuindo para criar infraestruturas mais sustentáveis, que utilizem eficientemente os recursos disponíveis”.
A descarbonização é uma vantagem competitiva para as cidades
Na luta contra as alterações climáticas, as cidades têm um papel importante a desempenhar. No estudo, metade dos inquiridos (51%) acredita que estar à frente na descarbonização é uma vantagem competitiva para as cidades. A descarbonização da mobilidade, incluindo as redes de transportes públicos e os veículos comerciais e privados, é uma prioridade para reduzir as emissões de carbono. 45% dos inquiridos consideram que as suas cidades fizeram progressos no incentivo à utilização dos transportes públicos. No entanto, de acordo com o relatório, 44% também acreditam que a privatização dos transportes públicos aceleraria a descarbonização. Em termos de políticas de mobilidade viáveis, 46% dos gestores acreditam que deveriam ser utilizados subsídios ou impostos para tornar os carros elétricos mais baratos do que os veículos com motor de combustão. Atualmente, a falta de infraestruturas de carregamento foi considerada o maior obstáculo à adoção generalizada de veículos elétricos.
Tecnologia e digitalização para acelerar a transição
O relatório indica que a tecnologia e a digitalização são as principais alavancas para uma transição bem-sucedida das infraestruturas e que, nos próximos três anos, terão o maior impacto na descarbonização, na eficiência dos recursos e no bem-estar. Algumas destas tecnologias são as previsões e a automação baseadas em Inteligência Artificial (IA), realidade virtual e aumentada e redes móveis 5G. De acordo com quase metade dos inquiridos, a digitalização tem um potencial significativo ou mesmo massivo para apoiar o progresso da eficiência energética (48%), da produtividade (46%) e da descarbonização (45%) nas suas organizações.