Setor de Comércio a Retalho e Grossista controla apenas 2% das suas emissões de CO2

Um estudo da Oliver Wyman e da EuroCommerce revela que 98% das emissões europeias de carbono do setor de comércio a retalho e grossista são resultado das atividades dos produtores e fabricantes ao longo de toda a cadeia de valor e da energia consumida após a compra de um produto – o que quer dizer que apenas 2% dessas emissões resultam de operações diretas ou de energia consumida pelo setor.

Esta investigação analisa dados de mais de 25 empresas e associações empresariais líderes de mercado e examina a escala de carbono nas cadeias de valor do comércio a retalho e grossista europeu em cinco subsetores: alimentação e bebidas, saúde e beleza, têxtil e confeção, eletrónica, e casa e bricolage.

Até 2030, a União Europeia pretende reduzir as suas emissões líquidas de gases com efeito de estufa em 55% em relação aos níveis de 1990. No entanto, em 2022, apenas foi alcançada uma redução de 33%. Para cumprir a meta europeia, o setor retalhista e grossista deve acelerar imediatamente os seus esforços de descarbonização.

Entre as recomendações prioritárias dadas aos retalhistas e grossistas, destaca-se a aposta na transparência, o melhoramento de planos de descarbonização ao longo da cadeia de abastecimento, o foco em setores de baixa sustentabilidade e atividades com alto impacto de carbono para assim liderar em direção ao zero carbono e ainda a capacitação dos consumidores.

Na Europa, o comércio a retalho e grossista emite anualmente 1,6 giga toneladas de CO2e, o que equivale a um terço da pegada de carbono europeia. Alguns segmentos comerciais já conseguiram avanços significativos na monitorização e na redução das suas emissões, especialmente nas de Âmbito 1 e 2, mas o estudo destaca a necessidade de intensificar esforços globais, ao nível do setor e em toda a cadeia de valor, pois só assim será possível vir a registar zero emissões líquidas. Salienta, também, que para uma real identificação e redução das emissões de Âmbito 3, é essencial desenvolver uma metodologia europeia e setorial alinhadas.

O estudo indica também oito fatores que permitirão acelerar o caminho até às zero emissões líquidas: a definição de uma metodologia padrão para os cálculos de emissões de Âmbito 3; um sistema que permita um melhor acesso a todos os dados da cadeia de abastecimento e consumo; a implementação de um enquadramento regulatório claro e confiável; uma mais rápida difusão das atuais medidas de descarbonização; mais inovações tecnológicas e de infraestrutura; uma maior adoção de opções sustentáveis​​por parte dos consumidores; modelos de ESG mais robustos e uma maior colaboração entre toda a cadeia de valor.