“Saúde, educação e ambiente” são talvez os três pilares que suportam o planeta e a sociedade que nele habitam. A declaração é de Inês dos Santos Costa, secretária de Estado do Ambiente, na sessão do “Galardão Eco-Escolas 2020”. O evento, organizado pela ABAE (Associação Bandeira Azul da Europa) decorreu, esta sexta-feira, em formato online. O programa Eco-Escolas reconhece com “Bandeira Verde” o trabalho de qualidade desenvolvido pelas instituições de ensino no âmbito da Educação Ambiental e para a Sustentabilidade e encorajar ações neste domínio.
Se no pós-pandemia a vontade é fazer “caminhos verdes” a secretária de Estado do Ambiente chama a atenção que há coisas que não podem ficar esquecidas. Primeiramente, urge ultrapassar as seis fases de negação: “Que não é real, que não somos nós, que não é assim tão mau, que é demasiado caro adaptar em mudar ou que aparece uma solução nova e, afinal, não dá em nada”. Depois, atenta a responsável, ser sustentável não é algo que se encontra no “cruzamento” entre economia, sociedade e ambiente: “Ser sustentável é ter um sistema socioeconómico em equilíbrio com o sistema que o envolve que é a nossa biosfera”. E dentro deste, é crucial orientar “inovação, tecnologia, educação e design” para “incorporar os mesmos princípios que regem o sistema natural” a fim de “manter todos os recursos e produtos dentro do sistema de produção e consumo”. Só com a adoção deste modelo de desenvolvimento é que “conseguiremos equilibrar a prosperidade humana com o ritmo natural de regeneração e restauração”, sustenta a responsável. E da mesma importância é “envolver as pessoas” no centro desta transformação: “Uma transição justa não se faz só de energia mas no dia-a-dia, de tudo o que se cria, se vende, se consome e se descarta”, refere, alertando para a necessidade de um “sistema de consumo e produção mais sustentável”.
[blockquote style=”2″]Precisamos de 10 milhões de portugueses dispostos a fazer o possível[/blockquote]
Inês dos Santos Costa chamou ainda para a atenção para o facto da “ambição ambiental” se ter desmoronado no pós-confinamento que ficou marcado por “mais embalagens, mais desperdício e mais máscaras”, reconhecendo, ainda assim, ter sido um “momento de grande incerteza e onde nada era seguro”. A secretária de Estado do Ambiente sabe que, “nenhum de nós, em particular, vai mudar o mundo”, mas alerta: “Precisamos de 10 milhões de portugueses dispostos a fazer o possível mesmo que esse possível seja imperfeito”. E um dos sítios onde o “possível pode acontecer é nas redes Eco-Escolas”, declara.
E nestas matérias, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) deu, este ano, um primeiro passo, ao dedicar um aviso de 1.5 milhões de euros do Fundo do Ambiental para a educação ambiental mais sustentável a quatro Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que entenderam como mais importantes: “vida saudável; cidades e comunidades sustentáveis; produção e consumo sustentável; ecossistemas terrestres e biodiversidade”. Quanto à adesão, a responsável destacou que foram recebidas 300 candidaturas e financiadas meia centena às ONG, universidades, politécnicos ou municípios. Além disso, o MAAC está prestes a iniciar a “campanha de máscaras reutilizáveis”, direcionada ao público escolas, de forma a mobilizar esta camada mas, também, a sociedade em geral.
Em notas finais Inês dos Santos Costa deixa um apelo: “Não sejam otimistas ao ponto de relaxar em demasiado; e não sejam pessimistas ao ponto de nada fazer. Juntos vamos de certeza mais longe”