No primeiro dia do SENAG (Seminário Nacional de Abastecimento de Água), foi apresentado um painel dedicado ao tema “A vertente da quantidade dos Planos de Segurança da Água – aliar resiliência à contingência”, onde algumas entidades exemplificaram o que têm feito para implementar e melhorar os seus PSA’s.
SIMAS Oeiras e Amadora
Ana Catarina Moreira, Técnica Superior da Divisão de Controlo desta entidade afirmou que desde 2013 que começou a haver uma preocupação na vertente quantidade. Desta forma, em junho de 2017, foi lançado um Plano de Segurança da Água, que nos anos seguintes foi aprovado e revisto.
Relembrando que este PSA serve para “antever situações que colocam em causa a quantidade e a qualidade da água”, foi fundamental começar por ter noção dos ricos possíveis, conhecer a infraestrutura, a rede, os reservatórios e as estações elevatórias. Todos estes dados ficaram consolidados como uma “memória descritiva”, um documento denso.
Mas para casos de emergência, onde é preciso agir sem ter de recorrer a esta informação massuda, foi criado um diagrama de abastecimento, que nada mais é do que um desenho de fácil compreensão. Além disso, é fundamental, segundo Ana Catarina Moreira, documentar igualmente todas as medidas de controlo adotadas, para que as mesmas possam ser usadas e/ou melhoradas em situações de risco futuras.
Por exemplo, nas ZMC’s, os SIMAS Oeiras e Amadora identificaram sete eventos perigosos, entre eles a rotura na rede e as manobras associadas à reparação da rede que leva à diminuição. Neste primeiro perigo, uma medida eficaz é a rede malhada que possibilita a setorização da ZMC e permite a mudança do sentido do escoamento – então se é eficiente, deve ser monitorizada, defende a técnica, revelando que, atualmente, está a a ocorrer a substituição de rede de fibrocimento, num investimento estimado em 18 milhões de euros.
E como é feito o cálculo de risco associado? O mesmo tem de ser superior a 5, levando à implementação de medidas de controlo. Se estas não forem eficazes, o passo seguinte é fazer um plano de melhoria. Num risco inferior a 5, é feita uma reavaliação (aplicável a todas as infraestruturas).
Águas do Alto Minho
No caso desta entidade, António Maria Lisboa, responsável pela Área de Qualidade da Água, explicou que no arranque da sua atividade em 2021, foi feito um estudo inicial com o objetivo de aumentar a resiliência do sistema de abastecimento de água.
A Águas do Alto Minho, nesta altura, enfrentava problemas como reclamações de falta de água, perdas de água, ZA com muita população sazonal, o estado das infraestruturas – isto tudo que influenciou e impactou a qualidade do serviço prestado e, consequentemente, a imagem da empresa.
Foi então formada uma equipa PSA (Plano de Segurança da Água), focada unicamente na questão da quantidade da água, tendo sido mais tarde os trabalhos alargados também à qualidade do recurso hídrico.
No caso desta entidade, foram feitos tratamento de dados, entre os quais clientes afetados por ocorrência e tipo de ocorrências, seguindo-se a identificação das zonas de abastecimento prioritárias, levando, assim, à definição de fluxogramas.
Ademais, foram feitas avaliações de riscos e ventos perigosos, que deram lugar a medidas de controlo e priorização dos pontos críticos, à imagem do que tem vindo a ser feito também pelos SIMAS Oeiras e Amadora.
Águas do Alentejo
Simone Pio, Presidente da entidade, frisou que “a questão da gestão da quantidade sempre foi um tema no território” alentejano, falando essencialmente do ponto de vista da seca, que é a ocorrência que mais afeta esta região.
Na sua intervenção, Simone Pio exemplificou o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo, relativo às regiões hidrográficas do Sado e Mira e Guadiana, onde estão previstas 73 medidas até 2030, Este plano está, atualmente, em consulta pública.
Como outros exemplos, mencionou o alinhamento da organização através da criação do Departamento de Gestão de Origens da entidade, a identificação das principais origens com fiabilidade e ainda a interligação de sistemas, com aduções diretas às ETA’s.
Noutro ponto, a presidente das Águas do Alentejo esclareceu a importância de promover ainda mais estudos, numa estreita parceria com a Academia e outros entidades, além do quanto é fundamental promover a comunicação junto das comunidades.
Por fim, reforçou “o exercício das competências da Autoridade Nacional da Água” e a necessidade de “um mecanismo mais dinâmico de partilha de informação entre a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e as entidades gestoras”.
Águas e Energia do Porto
Na sua intervenção, Susana Garcia, Técnica na Direção de Abastecimento de Água da entidade, frisou que, no Porto, “a água é um não assunto, porque eu abro a torneira e tenho água”. “E quando a água falha?” – foi a pergunta levantada.
“Enquanto PSA há trabalho todos os dias para estar no controlo e saber o que fazer quando a água falhe”, começou por dizer. As origens do PSA do Porto remontam a 2014, aquando da entidade querer lançar uma campanha “Beba Água do Porto”. Acreditando que a água tinha qualidade e o sistema era fiável, o PSA “veio sustentar e dar a parte técnica a esta vontade”.
Então, o primeiro passo foi identificar o que era realmente perigo – falta de água na torneira, falta de pressão e excesso de pressão/inundação, foram algumas situações identificadas. Se 20% dos clientes fossem afetados, seria considerado um risco muito elevado e gerador de confusão, apontou Susana Garcia.
Em 2015 foi lançado o primeiro PSA do Porto, em 2021 foi feita a primeira revisão do plano e em 2022 foi criado um Plano de Comunicação de Emergência do Abastecimento de Água.
No próximo ano o PSA passará por uma segunda revisão, sendo que a versão 3.0 deste plano quer “focar na valorização do conhecimento dos operacionais”.
O SENAG, organizado pela APDA (Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem das Águas), decorre durante os dias 2 e 3 de outubro, no Hotel dos Templários, em Tomar. A Ambiente Magazine é media partner deste evento.
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